Promotor alerta para denúncias e diz que violência contra mulher ainda está no armário

02/11/2017 08h10


Fonte Cidadeverde.com

Imagem: Cidadeverde.comClique para ampliarPromotor alerta para denúncias e diz que violência contra mulher ainda está no armário.(Imagem:Cidadeverde.com)

O assassinato da estudante Camila Abreu reforça a importância de que a violência contra a mulher deve ser denunciada às autoridades competentes.

Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), de um universo de 11 mil processos no intervalo de dez anos (2007-2017), três mulheres morreram. Esse número poderia ser muito maior se elas não tivessem procurado ajuda.

“Me perguntaram se eu acho esse número alto. Eu respondo que a violência que a mulher sofre ainda está no armário. Eu queria 30 mil processos aqui, pois eu sei que tem mulheres sofrendo que não estão denunciando. Quando elas denunciam, com certeza inibem uma ação mais grave”,
afirma o promotor Francisco de Jesus, do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (NUPEVID).

O promotor alerta que mais de 10 mil mulheres poderiam ter sido mortas se não tivessem denunciado. “Desses 11 mil processos de 2007 até hoje, das vitimas que denunciaram, três tiveram resultado morte. O que eu quero dizer com isso: que 10.997 poderiam ter tido um desfecho assim. O processo inibe. Quero dizer também que a gente só olha às vezes quando ocorre o feminicídio, mas não olha para as que estão sendo protegidas pelo sistema de justiça. As mortes são muito maiores, a gente sabe disso, mas não tem denúncia”, declarou.

Francisco de Jesus alerta que não tem como as autoridades tomarem conhecimento se algo não for feito. “A Iarla não teve tempo, mas como eu poderia conhecer o caso da Camila? A delegacia, enfim. A amiga disse que tinha conhecimento, a família. Se ninguém for em defesa. A denúncia é essencial”, afirma.

Capitão passou por capacitação

O capitão da Polícia Militar Allisson Watson, que confessou à Polícia Civil ter matado a estudante Camila Abreu, teve a oportunidade de mudar seu destino. Ele chegou a participar do projeto “Sensibilizar para abordar, homem com M maiúsculo”, projeto do MP em parceria com a PM que tem por objetivo orientar os policiais para abordagens de vítimas de violência doméstica.

“O comando da PM esteve preocupado desde sempre. Esse trabalho não vem de agora. Lá passamos a ideia de como a mulher pode ser melhor atendida”,
afirmou.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Piauí possui a maior taxa de feminicídio no Brasil.

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Tópicos: mulheres, processos, camila