Promotor revela que quatro empresas são investigadas por corrupção em prefeituras
15/07/2016 10h00Fonte Cidadeverde.com
Pelo menos 90% dos municípios piauienses têm algum tipo de esquema de fraude e de desvio de verba pública, segundo o coordenador do grupo de atenção especializado no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual (Gaeco), Rômulo Cordão.Edilson Correia, chefe regional da Controladoria Geral da União (CGU), confirma a informação e diz que o esquema criminoso descoberto em Redenção Gurguéia não é "privilégio" do município.
Para Rômulo, as "relações promíscuoas" estão presentes em várias prefeituras. Ele explicou como acontecia o esquema em Redenção do Gurguéia e declarou que foram desviados, pelo menos, R$ 17 milhões com as fraudes. "Hoje estão sendo investigadas quatro empresas que se aproximavam das prefeituras oferecendo vantagens em troca do fornecimento de notas frias. Só que essas empresas eram completamente de faxada. Há o caso de empresas que prestaram serviços de locação sem possuir nenhum veículo. Outras que atuavam na construção civil e teriam feito obras sem comprar, sequer, um tijolo. Outras faziam o fornecimento de alimentos, mas não havia merenda nas escolas", descreveu o coordenador do Gaeco.
As empresas estavam atuando em Redenção do Gurguéia, Avelino Lopes, Morro Cabeça do Tempo, Bom Jesus e Corrente.
Rômulo falou ainda que os empresários levavam de 15% a 25% do valor do contrato fraudado. Os contratos valiam, em média, R$ 1,5 milhão. O coordenador acrescentou que as vantagens ilícitas às prefeituras eram oferecidas pelos empresários, não apenas em Redenção do Gurguéia, mas também a várias outras prefeituras.
Participaram como parte do esquema, facilitando as fraudes dentro da prefeitura, o prefeito Delano Parente (PP), seu pai (Aldemis de Sousa Nunes, secretário de Infraestrutura), Julimar Pereira Borges (secretário de Saúde), Marcílio Braz de Lima (servidor municipal), Romário Alves de Figueiredo (ex-presidente da Comissão de Licitação), Hildo Martins de Sousa Filho (engenheiro da prefeitura, responsável por fiscalizar as obras municipais inexistentes), Benedito Fonseca dos Santos (servidor público e gerente de contrato da prefeitura), Kassandra Arnaldo Parente (servidora pública) e Cíntia Loyane Lima do Lago (presidente da Comissão de Licitação). Kassandra e Cíntia foram apenas conduzidas para prestar depoimento à polícia.
Os demais presos são todos empresários, com exceção de Igor Martins Ferreira de Carvalho e Tiago Rodrigues Nogueira Júnior, que são os advogados responsáveis por garantir o aspecto de legalidade aos esquemas, segundo informou o coordenador.