São Raimundo Nonato tem maior conjunto de arte pré-histórica em rocha do mundo

04/09/2010 09h41


Fonte G1

O JN no Ar foi para a cidade piauiense de São Raimundo Nonato. Vamos direto aos números do estado.

Piauí: mais de três milhões de habitantes. A economia do estado, a menor da região nordeste, é puxada pelo setor de serviços. No campo, a seca é uma constante ameaça.

A renda média mensal é de R$ 713, abaixo da média nacional de R$ 1.025. O acesso à rede de esgoto é o mais baixo do país.

A taxa de mortalidade infantil é a menor da região nordeste, a de homicídios também. Um em cada quatro habitantes não sabe ler nem escrever. Pouco mais de dois milhões de eleitores votam no Piauí.

O repórter Ernesto Paglia falou, ao vivo, do aeroporto mais próximo da cidade de São Raimundo Nonato em condições de receber o JN no Ar que fica em Petrolina, no Pernambuco.

Hoje cedo, um amanhecer ensolarado em Petrolina. E o nosso segundo avião voltou à pista para nos levar ao vizinho Piauí.

São Raimundo Nonato aparece no meio da paisagem seca da caatinga. Para nossa sorte, a pista do futuro Aeroporto da Serra da Capivara ficou pronta há pouco mais de um ano. É a única parte concluída do projeto aprovado em 1997.

Obra inacabada parece ser a marca do lugar. A estrada que liga a região à capital, Teresina, também alterna asfalto com trechos de terra. O comércio e os bancos transformam a cidade em um centro importante para a região.

Hoje, moradores reclamavam do cheiro do sistema de esgoto instalado em São Raimundo Nonato. “Já tive que me mudar quando a minha filha nasceu, por causa do mau cheiro”, revela uma senhora.

Mas tem um trabalho na região que vai consumir muito mais tempo. Gerações de arqueólogos ainda vão estudar o Parque Nacional da Serra da Capivara, a 40 quilômetros da cidade.

Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, o parque tem a maior concentração de arte pré-histórica em rocha do mundo, mais de 900 sítios arqueológicos, 1,3 mil em toda a região.

Os desenhos de até 30 mil anos atrás foram feitos pelas mãos de alguns dos primeiros seres humanos a caminhar pelo continente americano.

“Preservar a história integrando a comunidade foi uma das primeiras decisões que tomou a Fundação Homem Americano, quando percebeu que, com uma população ignorante e pobre em volta, não ia conseguir preservar nada”, declara Rosa Trakalo, da Fundação Homem Americano.

No bem cuidado centro de visitantes, um vídeo mostra imagens da pioneira da pesquisa. A arqueóloga paulista Niede Guidon trabalha no local há quatro décadas. A dedicação da doutora Guidon trouxe para Nonato um curso de Arqueologia, que já formou três turmas.

Lucas Braga, órfão de pai pedreiro, está no segundo ano de faculdade e trabalha há seis na Fundação do Homem Americano, criada por Niede. “Eu fui aluno do Pró-Arte FUMDHAM, que é um projeto social da FUMDHAM. Pretendo fazer mestrado fora e pretendo voltar para cá para eu estudar aqui”, afirma o estudante.

Sônia Rosário morou 12 anos em São Paulo e queria voltar. Só conseguiu depois da vaga de recepcionista no museu criado pela fundação. “Eu gosto de morar aqui que é mais tranqüilo. São Paulo já é muito perigoso”, comenta.

O museu, rico em achados da região, usa os recursos mais modernos e mostra apenas uma parte do imenso acervo de peças a serem estudadas que estão nos laboratórios. “Tem muito trabalho para muitas gerações de arqueólogos e vários tipos de sítios”, aponta a arqueóloga Gisele Felice.

Ninguém vai escrever a pré-história do continente americano sem estudar a fundo o tesouro dessa cidade piauiense. Ao contrário das outras obras inacabadas da cidade, esta é uma boa notícia em Raimundo Nonato.

No sábado (4), a equipe do JN no Ar descansa. E, no domingo, no Fantástico, o sorteio da próxima cidade visitada.

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