Semar suspende audiência pública para licenciamento de plantio de soja em corredor ecológico no Sul

23/11/2022 08h53


Fonte G1 PI

Imagem: Celso Tavares/G1Parque Nacional da Serra da Capivara(Imagem:Celso Tavares/G1)Parque Nacional da Serra da Capivara

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semar) suspendeu a audiência pública no sábado (26) sobre a licitação da construção de uma fazenda, irrigada com plantação de soja e milho, em 12 hectares de terra no corredor ecológico entre o Parque Nacional Serra da Capivara e o Parque Nacional da Serra das Confusões.

A suspensão foi recomendada pelo Ministério Público Federal (MPF). Segundo a Semar, a recomendação foi acatada pela secretaria e pelo empreendedor do projeto, a APESA Agropastoril Piauiense.

"Nesse período o empreendedor vai reestruturar o RiMa [Relatório de Impacto Ambiental] com mais informações. E depois deste novo RIMA ele será republicado no site e terá um prazo de 45 dias para marcar a data da audiência pública",
informou a Semar.

O projeto de construção da fazenda foi aprovado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o que gerou algumas notas de repúdio da comunidade cientifica de pesquisadores da fauna e flora do local e dos próprios parques ambientais no entorno do empreendimento.

Como é o caso do Museu do Homem Americano (Fumdham), localizado em São Raimundo Nonato, a 522 km de Teresina, dentro do Parque Nacional Serra da Capivara. Em um relatório do técnico com 34 páginas, informou que "considera altamente impactante ao patrimônio natural e cultural e contraditório no que diz respeito aos objetivos dos Parques Nacionais e do Corredor Ecológico".
Imagem: ((o)) eco.org.br  A gleba onde os cultivos serão implantados tem quase 13 mil hectares, às margens da rodovia BR-324 (PI-140). (Imagem:((o)) eco.org.br ) A gleba onde os cultivos serão implantados tem quase 13 mil hectares, às margens da rodovia BR-324 (PI-140).

O setor apícola, de criação de abelhas, também se manifestou contrário ao empreendimento, elencando pontos que se referem aos prejuízos imediatos da instalação da fazenda na região. O documento produzido foi assinado por mais de 14 associações e instituições ambientais que atuam na preservação e monitoramento da fauna e flora do corredor ecológico.

Pontos destacados pelo setor apícola:
  1. Perda de biodiversidade e da cobertura vegetal;
  2. perda de espécies vegetais endêmicas e abundantes que garantem a produção de tipos de méis diferenciados (aroeira, angico, juazeiro, entre outras floradas endêmicas da Caatinga);
  3. decréscimo da produtividade apícola;
  4. desvalorização do mel e perda econômica, com consequências sociais, em razão da limitação do não atendimento aos critérios das certificações orgânicas e “não-OGM”;
  5. perdas de colônias de abelhas pela ação de agrotóxicos utilizados em monocultivos que ocupam;
  6. recentemente cada vez territórios maiores na área de abrangência do semiárido piauiense.
O outro lado

Em resposta às considerações de pesquisadores e ambientalistas sobre a instalação da fazenda, a APESA Agropastoril Piauiense disse, por meio de nota, que "o empreendimento não irá impactar negativamente os animais ameaçados de extinção e os bens arqueológicos".

Informou também que o projeto proporcionará oportunidades de emprego a área carente que compreende a região; a caça ilegal será reduzida devido a vigilância por meio de câmeras de vigilância; e que os animais com risco de extinção, como a onça-pintada, não terão seu deslocamento vedado entre um parque e outro.

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