SOS Mulher: conheça os sinais que indicam violência contra a mulher

06/03/2023 09h23


Fonte ClubeNews

Imagem: Agência BrasilViolência contra a mulher.(Imagem:Agência Brasil)Violência contra a mulher.

O Portal ClubeNews conversou com a socióloga e pesquisadora do Observatório da Segurança do Piauí, Marcela Castro, para elencar e entender os sinais – ainda que “discretos” – revelados por agressores que podem resultar na morte de uma mulher, vítima de violência doméstica e de gênero. A especialista também integra o Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens da Universidade Federal do Piauí (NUPEC/UFPI) e da Rede de Observatórios de Segurança.

Essa matéria integra a série SOS Mulher, da Rede Clube, exibida do dia 6 a 10 de março, pela TV Clube. Um especial para falar, apoiar e reforçar a luta por liberdade. No dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher.

CONHEÇA OS SINAIS QUE INDICAM VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

– Violência Física

“É uma forma de violência que fere o corpo e também a alma das mulheres, deixa marcas, cicatrizes, lesões que afeta diretamente a integridade física da mulher”.

– Violência Psicológica

“É um tipo de violência que perpassa todas as formas de violência. Além disso, provoca abalo emocional na vida das mulheres, uma insegurança constante oriunda de relações de manipulação, constrangimento, humilhações, controle e monitoramento sobre suas ações, corpos, roupas, formas de agir, pensar, intimidação e até o impedimento do direito de ir e vim da mulher”.

– Violência Sexual

“É um tipo de violência muito delicado e pode acontecer durante o casamento, namoro ou algo similar. Há muitas situações, por exemplo, o companheiro/agressor entende que a mulher deve satisfazer suas necessidade sexuais a qualquer momento, mesmo contra a sua vontade. Esse tipo de conduta poderá envolver formas de constrangimentos, ameaças e até o uso da força”.

“Outro detalhe merecedor de atenção é quando a mulher desejar usar algum método contraceptivo e/o uso de preservativos, que o agressor não aceita. Esses tipos de situações poderão gerar situações de violência”.

– Violência Patrimonial

“Esse tipo de violência acontece quando o agressor se apropria de um bem material (objetos, documentos de trabalho, algum valor monetário e/ou bens) sem sua autorização, para satisfazer seus interesses”.

– Violência Moral

“Muitas vezes, durante a relação conjugal o marido/companheiro ofende a esposa/companheira com palavras de baixo calão, ofensas relacionadas à calúnia, difamação e injúria”.

FEMINICÍDIO

Marcela Castro ressalta que “todas essas formas de violência (física, sexual, patrimonial, moral e psicológica) podem favorecer a maior força de violência de gênero: o feminicídio”.

O feminicídio é uma qualificador do crime de homicídio quando praticado contra a mulher por razões da condição do sexo feminino.

Os dados da Secretaria de Segurança Pública informam que, somente em 2020, o Piauí registrou 31 casos de feminicídio (seis em Teresina). Já em 2021, foram 37 mortes (11 em Teresina), e no ano passado, 23 mulheres (quatro em Teresina) foram vítimas desse crime.
Imagem: TV ClubeSocióloga Marcela Castro(Imagem:TV Clube)Socióloga Marcela Castro

COMO COMBATER A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER?

A pesquisadora defende que “a violência contra mulher é uma responsabilidade de toda sociedade, também encontra-se na lógica dos Direitos Humanos. Portanto, é uma questão coletiva”.

Na Educação: “conscientizando crianças, adolescentes e jovens na importância na igualdade de direitos”;

No mercado de trabalho: “proporcionando um espaço com equidade de gênero, em especial nos cargos de poder”;

Na política: “com maior participação das mulheres nos cargos políticos e no legislativo, e que as leis de proteção e defesa das mulheres possam ser melhor concretizadas”;

Na ressocialização: “para os agressores serem trabalhados e não retomem à espiral da violência doméstica e familiar”.

ROMPER O CICLO DE VIOLÊNCIA E PEDIR AJUDA

“A mulher em situação de violência precisa pedir ajuda, ou seja, romper o ciclo da violência doméstica e familiar, que não é simples”, diz a socióloga. “É importante que as mulheres e a sociedade identifiquem a violência não apenas física, mas também outras formas de violência (moral, psicológica, sexual e patrimonial, por exemplo) que podem ser produzidas no lar e nas relações conjugais”.

“Quando a mulher identificar alguns desses sinais (de violência) o sinal de alerta é acionado. Por isso, as mulheres em situação de violência necessitam de ajuda e proteção até mesmo para romper o medo”, ressalta Marcela Castro, socióloga.

Ela esclarece ainda que a violência doméstica e familiar corresponde desde a violência produzida pelo casal, que pode se estender aos filhos, a parentes que moram no mesmo lar e até mesmo aos funcionários domésticos, se houver uma relação intima de afeto e/ou coabitação.

É PRECISO DE MAIS ASSISTÊNCIA!

No estado do Piauí, em especial na capital Teresina, existe uma Rede de Atendimento a Mulheres em Situação de violência. Mas, ao ver da pesquisadora, “essa rede necessita urgentemente de melhor estrutura, aumento de quadro de profissionais, serviços mais humanizados e recursos financeiros”.

Além disso, a rede, segundo Marcela, precisa de “maior celeridade nos processos judiciais para poder chegar mais rápido às mulheres das classes populares, da zona rural da capital e aos municípios do Piauí, que ainda não oferecem serviços da Rede de Atendimento”.


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Tópicos: mulheres, rede, ajuda