Suspeito de provocar morte de dois irmãos vai para Casa de Custódia
26/10/2016 07h50Fonte G1 PI
Moaci Moura da Silva Júnior, suspeito de provocar um crime de trânsito que culminou na morte de dois integrantes do coletivo cultural Salve Rainha e deixou uma terceira pessoal gravemente ferida, foi preso nessa segunda-feira (24). Ele se encontra na Casa de Custódia de Teresina. A defesa classifica a prisão como algo “inesperado”.O advogado de Moaci Júnior, Eduardo Faustino, trabalha para que seja a prisão seja revertida. “Ele se apresentou à Justiça ainda na sexta-feira, após a audiência de instrução. O tempo agora é de ajustar quais os planos iremos tomar, já que a prisão foi algo inesperado. Até a quinta-feira (27) nós conseguiremos reverter isso”, disse.
Imagem: Beto Marques/G1Policial Militar que fez a prisão em flagrante do motorista também participou.
O condutor do veículo que causou o crime de trânsito teve prisão preventiva decretada pela juíza Maria Zilnar Coutinho por descumprir medidas cautelares, bem como as que previam o seu comparecimento mensal ao Núcleo de Atenção ao Preso Provisório para dizer e justificar suas atividades.
A colisão pela qual Moaci está sendo acusado ocorreu na noite do dia 26 de junho. Conforme laudos periciais, Moaci Moura dirigia em alta velocidade (aproximadamente 100km/h), estava alcoolizado e invadiu o sinal vermelho quando colidiu contra o carro em que estavam as vítimas. Como resultado do acidente, Bruno Queiroz morreu na hora, seu irmão Júnior Araújo teve morte cerebral três dias depois e apenas o jornalista Jader Damasceno sobreviveu. Todas as vítimas são ligadas ao movimento cultural Salve Rainha.
Em sua decisão sobre a prisão do acusado, a juíza afirmou que “o acusado já dá fortes e inegáveis indícios de que, em liberdade, fatalmente se ocultará para impedir os atos processuais e a aplicação da Lei Penal”.
A defesa de Moaci Júnior trabalha para que ela não vá a júri popular. Até sexta-feira (28), a juíza Maria Zilnar Coutinho deve dar a decisão. O advogado Eduardo Faustino optou por apresentar, num prazo de cinco dias úteis, a alegação final do acusado, que não compareceu à audiência de instrução e julgamento realizada na sexta-feira (21).
“Não se trata de dolo dirigir em alta velocidade. Há divergências no laudo e na acusação. Não há nenhum exame de sangue e nem o uso do etilômetro que comprove que Moaci dirigia em estado de embriaguez”, arrematou o advogado Eduardo Faustino.
Prisão decretada
A juíza Maria Zilnar Coutinho Leal decretou na sexta-feira (21) a prisão preventiva de Moaci Moura da Silva, acusado de provocar a colisão que matou os irmãos Bruno Queiroz e Junior Araújo, no dia 26 de junho. A determinação ocorreu durante audiência de instrução e julgamento nesta sexta-feira (21).
Segundo a juiza, após a prisão em flagrante, por ocasião do acidente, foram dadas várias medidas cautelares, que não foram cumpridas pelo acusado. Segundo a magistrada, no dia que Moaci foi procurado para ser intimado pela Justiça, ele não estava em casa.
"Ele chegou a ser preso em flagrante após o ocorrido, foi concedido liberdade provisória por suas medidas cautelares, que previam o seu recolhimento noturno a partir das 21h, suspensão do direito de dirigir, frequentar festas, bares e casas noturnas. Algumas delas foram descumpridas, como as duas vezes que o acusado foi intimado e não estava sem sua residência", explicou a juíza Maria Zilnar durante a audiência.
Para a juíza, a ausência do acusado na audiência, mesmo não sendo obrigatório, também foi um ponto importante que foi levado em consideração para a sua prisão preventiva. O advogado Eduardo Faustino, responsável pela defesa, alegou que a presença do acusado não ajudaria em nada.
"A presença do réu não nos ajuda em nada. Nenhuma medida deixou de ser cumprida. As duas vezes que ele foi procurado pela justiça estava trabalhando no frigorífero do pai", disse o advogado de Moaci.
Imagem: Reprodução/FacebookIrmãos idealizadores do Salve Rainha mortos em acidente.
O promotor de justiça Ubiraci Rocha, responsável pela acusação, disse que não há dúvida de que houve comportamento doloso praticado pelo acusado, por causa da velocidade e de ter assumido o risco ao dirigir em estado de embriaguez."Testemunhas afirmaram que Moaci não havia bebido, o que é desmentido pelo exame de alcoolemia, que comprovam que o acusado estava em estado de embriaguez aguda", explicou.
Ainda para o promotor, elementos comprovam que a ação se deu na modalidade de dolo eventual. "Não há dúvida de que o acusado Moaci assumiu o risco de produzir o resultado de mort,e é comprovado pela perícia que identificou que ele vinha em 100 km/h, estava embriagado e de acordo com as testemunhas visuais, Moacir vinha alta velocidade e avançou o sinal vermelho", falou o promotor.
Imagem: Beto Marques/G1Clique para ampliarJader Damasceno, sobrevivente na colisão, é testemunha de acusação.
"Que ele pague pela imprudência", diz sobrevivente
O jornalista Jader Damasceno, que sobreviveu ao crime de trânsito ocorrido no dia 26 de junho e matou os irmãos Bruno Queiroz e Junior Araújo, diz que espera que o condutor vá a júri popular.
“Quero muito que ele vá a júri popular. Não só ele, mas todas as pessoas que cometem o mesmo erro. Que ele pague pela imprudência, falta de respeito, falta de humanidade, falta de educação. Não é falta de conhecimento porque se ele tirou a carteira, no mínimo deve ter estudado, conhecer os direitos e deveres no trânsito”, falou Jader.
O jovem chegou a passar um mês internado por conta das graves lesões que sofreu. Hoje, Jader está numa cadeira de rodas e se recupera na casa dos pais, em Oeiras, sua cidade natal.
“Eu não escolhi estar aqui. Temos que entender que nossas escolhas implicam na vida de outras pessoas. Hoje eu pago por causa disso. Eu não escolhi passar o que estou passando. Não é a primeira vez que ele (Moaci) destruiu um carro, mas ele tirou vidas”, desabafou.
O pai dos jovens Junior e do Bruno, que morreram no acidente, acompanhou os depoimentos. Visivelmente emocionado, ele deseja que o suspeito de cometer o crime vá a júri popular. "Nós queremos isso, mas nem aqui ele veio. Tivemos a informação de que nem na cidade ele está. Se não estiver, deveria ser punido de alguma forma", comentou o aposentado Francisco das Chagas Araújo.
Um policial militar também depôs. Ele declarou que chegou a deter Moacir, mas que ele não esboçava nenhuma reação e que só veio a se manifestar quando foi colocado na viatura. "Fomos a primeira equipe a chegar ao local. O condutor disse que era filho de pessoas influentes e pediu pra não ser preso", falou.
Os três rapazes que estavam num carro que vinha no sentido da avenida Jacob de Almendra para entrar na Miguel Rosa também foram ouvidos.
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