Suspenso julgamento de acusados de matar delator de estupro coletivo
17/09/2015 16h41Fonte G1 PI
Imagem: Catarina Costa/G1Três adolescentes são acusados da morte de Gleison Vieira.
O julgamento da morte de Gleison Vieira da Silva, delator do estupro coletivo em Castelo do Piauí que foi espancado até a morte dentro de uma cela do Centro Educacional Masculino (CEM), foi suspenso. A sentença do inquérito seria dada nesta quinta-feira (17), mas o julgamento teve uma nova data marcada porque duas novas testemunhas serão apresentadas no processo.
Imagem: Catarina Costa/G1Clique para ampliarJuiz Antônio Lopes revelou que sentença deve sair na segunda-feira (21).
De acordo com o juiz Antônio Lopes, da 2ª da Vara da Infância e da Juventude em Teresina, a defesa dos menores solicitou ouvir mais duas testemunhas que irão reforçar as teses apresentadas. A audiência deverá acontecer na próxima segunda-feira (21), na sede da 2ª Vara, na Zona Sul de Teresina.
“Foram ouvidas 10 testemunhas, mas duas novas pessoas devem ser ouvidas e colaborarão no julgamento. É importante ouvir essas pessoas para não haver dúvidas sobre o caso, por isso atendi ao pedido”, disse o magistrado.
A defensora pública Aline Patrício, que faz a defesa dos adolescentes, explicou que foram apresentadas duas teses para a Justiça: a primeira seria a de que o estado seria o co-responsável pela morte do Gleison e a segunda é que os acusados estão desde o início colaborando com a investigação e por isso merecem uma medida socieducativa menor. “Apesar de eles terem assumido a autoria do crime isso poderia amenizar na condenação já que eles colaboram com as investigações”, contou.
Depois que a audiência acabou na sede da 2ª Vara da Infância, os três jovens foram levados de volta ao Centro de Internação Provisória (Ceip). O juiz Antônio contou ainda que, mesmo após a sentença, os três jovens continuarão apreendidos na unidade, e só serão transferidos para o CEM após a ampliação na unidade socioeducativa.
O diretor da unidade de atendimento socioeducativo da Secretaria da Assistência Social e Cidadania (Sasc), Ancelmo Portela, que foi uma das 10 testemunhas ouvidas no processo, afirmou que o Governo do Piauí já autorizou a reforma no Centro Educacional. A mãe do Gleison que era testemunha de acusação, não compareceu à audiência.
Inquérito policial
Um áudio dos adolescentes confessando que participaram do estupro coletivo em Castelo do Piauí foi crucial para a conclusão do inquérito que investigava a morte Gleison Vieira da Silva, delator do crime que foi espancado até a morte dentro de uma cela do Centro Educacional Masculino (CEM).
“Levei em consideração esse áudio que vai contra a versão dada pelos garotos após a morte no CEM. Eles alegaram ter cometido o homicídio porque são inocentes e o Gleison quem os colocou nesta situação”, falou a delegada Thais Paz da Delegacia do Menor Infrator.
Para a polícia, a morte do Gleison foi associada por ele ter sido o delator do estupro e que havia um pacto entre eles para que ninguém falasse nada. A delegada lembrou que antes da transferência dos menores para o CEM, a vítima contou em depoimento que estava sendo ameaçado pelos outros três adolescentes.
Durante a investigação, os três menores não falaram se a morte de Gleison foi planejada e por isto aceitaram dividir mesma cela.
Defesa dos acusados
A defensora pública Alynne Patrício revelou que apresentou duas teses na defesa dos suspeitos. Segundo ela, a primeira teoria é que o estado também é responsável pelo fato e a outra é que os adolescentes colaboram desde o inicio com a investigação.
"Os três nunca deveriam ter sido colocados na mesma cela que o Gleison. Desde o início, eles alegam inocência e a justiça sabia do risco de deixá-los juntos. Agora, sobre a confissão no assassinato do Gleison, vou colocar isso para conseguir uma redução da pena”, comentou.
Gleison cumpria medida socioeducativa por participar do estupro coletivo de quatro meninas em Castelo do Piauí. Ele e mais três adolescentes foram condenados pelo crime. Após a morte do adolescente, os outros três menores culpados pelo estupro coletivo foram retirados do CEM e agora estão no Centro de Internação Provisória (Ceip). Eles foram condenados a cumprir três anos de internação por participação no estupro coletivo e estavam juntos no mesmo alojamento quando Gleison foi agredido e morto.
Laudo cadavérico
O resultado do laudo cadavérico no corpo de Gleison Vieira mostrou que ele foi morto a socos e pontapés. “A vítima faleceu em decorrência de traumatismo craniano, provocado por uma ação contundente. O que para a gente quer dizer um espancamento. Não houve a utilização de nenhum outro instrumento. Apenas socos e pontapés”, afirmou Thais Paz.
A investigação que apura a morte de Gleison Vieira da Silva, de 17 anos, será acompanhada de perto pela Comissão da Infância e Juventude do Conselho Nacional do Ministério Público (CIJ/CNMP). Em despacho, o conselheiro e presidente da CIJ, Walter de Agra, afirmou que a vítima foi colocada no mesmo alojamento com outros três adolescentes que já tinham feito ameaças contra Gleison. A intenção é apurar se houve negligência ao colocar todos o envolvidos na mesma cela.
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