Tabagismo é visto como "companheiro" e criança de 10 anos já fuma cigarros no Piauí

31/05/2017 14h00


Fonte Cidade Verde

Levantamento da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) revela que 7,6 % da população de Teresina ainda é fumante, número considerado alarmante. O vícío ganha proporções ainda maiores quando se faz referência ao tabagismo como uma doença pediátrica. A assistente social, Alba Valéria, destaca que a dependência do cigarro atinge indistintamente e a maioria das pessoas tem contato com a droga lícita dentro de casa e por meio de familiares.

"O tabagismo é considerado uma doença pediátrica, pois a faixa etária de iniciação gira em torno dos 10 anos de idade. A maioria dos nossos pacientes revela que começaram a fumar na adolescência entre os 10 e 15 anos, por influência de amigos e familiares que acabam fazendo com que a pessoa tenha curiosidade de experimentar. A população masculina é a que mais fuma. Por outro lado, as mulheres são as que mais procuram tratamento",
disse a assistente social.

O tabagismo é considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) a principal causa de morte evitável no mundo. O tabagismo está associado a 25% das mortes por doença do coração e 25% das mortes por derrame cerebral. E para diminuir esses percentuais, no dia 31 de maio é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Tabagismo.Mais de 200 mil pessoas morrem por ano em decorrência de doenças causadas pelo vício. O cigarro é um potencializador para 50 tipos de doenças crônicas diversas, incluindo, o câncer.

"As pessoas desenvolvem desde problemas pulmonares à cânceres de boca, próstata, colo de últero...as pessoas acham que só o pulmão é afetado, mas não é assim. Da boca ao útero, a pessoa pode desenvolver um câncer por conta do tabagismo. O cigarro tem mais de 4 mil substâncias tóxicas ao organismo e prejudica a saúde individual do fumante e das pessoas próximas",
alerta.

Alba Valéria revela ainda que o grande número de fumantes é consequência da visão que a maioria dos dependentes têm em relação ao cigarro, como um companheiro.

"De cada 10 pessoas, apenas três conseguem deixar o vício sem o auxílio de um tratamento. Muitas pessoas fumam pela dificuldade em administrar problemas, conflitos pessoais e emocionais. As pessoas acabam criando a imagem do cigarro como um companheiro nas horas de tensão, frustração e veem o cigarro como uma fuga, uma porta. Nosso trabalho gira em torno de desconstruir essa imagem de companheiro, pois é algo que causa dano",
disse Valéria.

Hoje, Dia Mundial sem Tabaco, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) anunciou a ampliação do Programa de Combate ao Tabagismo que passa agora a contar com mais dez pontos somente na Capital. Desde o início do programa em Teresina, mais de mil pessoas foram tratadas. No Estado, existem mais de 100 municípios disponibilizam o tratamento

"A ampliação dos centros de tratamento é muito importante, pois as pessoas que chegam até nós têm um histórico de 10 a 50 anos de tabagismo. Historicamente, a gente trabalha com uma demanda reprimida, uma lista de espera. As pessoas aguardavam ansiosamente para ingressar no tratamento que agora chega mais perto da população e, consequentemente, mais pessoas terão oportunidade de deixar esse vício",
comemora.

Tratamento


Alba Valéria explica que o tratamento é baseado na mudança de hábito, pensamento e comportamento, tem duração em média de um ano e é realizado em grupo baseado na terapia cognitiva comportamental.

"No tratamento são atacados as dependências física, psicológica e comportamental.Ao longo do ano, as pessoas serão acompanhadas por uma equipe multidisciplinar e participarão de reuniões que, inicialmente, tem o objetivo de promover a cessação, logo no primeiro mês. Em seguida, a pessoa passa por um período de manuntenção pra que ela volte a fumar ou tenha uma recaída. O acompanhamento é integral com ações educativas que visam a mudança de comportamento e de atitude em relação ao cigarro. Esse processo também conta com apoio medicamentoso que inclui, por exemplo, terapia de recomposição de nicotina que vai melhorar os sintomas da abstinência"
, explica a assistente social que acrescenta que o tratamento inclui ainda carga controlada de nicotina, goma de mascar, pastilhas e o bup (medicação de uso controlado prescrita pelo médico) que trata também ansiedade e depressão.

Na Capital, além do Hospital Universitário e do Hospital do Parque Piauí, o tratamento foi ampliado para as unidades básicas de saúde do Vale do Gavião, Vila Bandeirantes, Santa Isabel, Mafrense, Santa Maria da Codipi, Jacinta, Cecy Fortes, Mário Covas, Alegria e Nova Teresina.

"Ao chegar nessas UBs, a pessoa precisa apenas manifestar interesse em participar do tratamento e repassar os dados pessoais",
finaliza a assistente social, Alba Valéria.

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