TCE-PI classifica decisão do STF de retrocesso no combate à corrupção

12/08/2016 08h44


Fonte G1 PI

Imagem: Catarina Costa/G1 PITribunal de Contas do Piauí(Imagem:Catarina Costa/G1 PI)Tribunal de Contas do Piauí

Um retrocesso no combate à corrupção e nos esforços para moralizar a gestão pública. Essa foi a classificação do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que retira dos Tribunais de Contas a competência para julgar as contas de prefeito que age de forma irregular com as despesas.

Pela decisão do STF, tomada na sessão dessa quarta-feira (10), só as câmaras de vereadores podem declarar a inelegibilidade de prefeitos que cometem irregularidades. A decisão gerou debate e reação dostribunais de contas e das entidades que congregam representantes de órgãos de fiscalização e de controle externo de todo o país.

Imagem: TCE-PIClique para ampliarLuciano Nunes presidente do Tribunal de Contas do Piauí.(Imagem:TCE-PI)Luciano Nunes presidente do Tribunal de Contas do Piauí.

O presidente do TCE-PI, conselheiro Luciano Nunes, disse que a decisão do STF, além de comprometer a efetividade da Lei da Ficha Limpa, desqualifica o julgamento dos gestores públicos e ameaça esvaziar o papel dos Tribunais de Contas, especialmente no tocante às sanções e às decisões de ressarcimento de recursos quando de prejuízo ao erário.

O tema foi objeto de ampla discussão na sessão plenária desta quinta-feira (11). O conselheiro-substituto Jaylson Campelo, que é diretor da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas (Atricon), disse que a decisão do STF compromete seriamente a eficácia do trabalho de combate à corrupção e à impunidade realizado pelos Tribunais de Contas.

“Esta decisão fere de morte a Lei da Ficha Limpa, que retira da vida pública os gestores que cometem desvios, fraudes e outras irregularidades apontadas graças a um trabalho estritamente técnico dos Tribunais de Contas”,
disse ele.

O conselheiro Olavo Rebelo, que presidiu a sessão desta quinta, disse que os Tribunais de Contas precisam buscar novas formas e mecanismos para cumprir seu papel constitucional de controle externo e de defesa da sociedade contra os maus gestores.

Para ele, a fiscalização concomitante e o rigor no combate às licitações fraudulentas, por exemplo, são formas eficazes de impedir desvios e garantir a aplicação correta dos recursos públicos.