TJ-PI vai abrir sindicância contra juiz suspeito de vender sentenças

20/11/2014 10h56

Fonte G1 PI

O corregedor geral de Justiça do Piauí, desembargador Sebastião Ribeiro Martins, revelou nesta quinta-feira (20) que abrirá sindicância para investigar a participação de um juiz na venda de sentenças e furto de processos da Corregedoria do Tribunal de Justiça. O magistrado, que é titular na 2ª Vara Cível de Teresina, já responde por quatro ações de desvio de conduta e deve ser afastado do cargo durante a investigação desta nova denúncia.

A investigação foi desencadeada após o Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) prender nessa quarta-feira (19) três pessoas suspeitas de pagar propina a uma funcionária do TJ-PI e roubar processos, entre eles um que apura denúncias contra o magistrado.

"A sindicância será aberta até a próxima semana e faremos uma inspeção extraordinária na 2ª Vara Cível de Teresina. Caso comprovado o envolvimento do juiz no caso, ele teria a aposentadoria compulsória declarada. Toda a decisão cabe ao pleno da corte, ou seja, os outros desembargadores precisam concordar. É lamentável uma situação como essa e não entendo como um magistrado participaria de um esquema desse, já que os processos também são digitalizados", declarou.

O desembargador Sebastião Martins disse ainda ter enviado uma carta à empresa na qual trabalha a prestadora de serviço que denunciou o furto dos processos e ressaltou que a polícia elogiou a sua postura. "Soube que o juiz tentou manipular outros servidores e nenhum destes quiseram participar do esquema, mas também não denunciaram o caso como fez a funcionária. Pedi que seja dada a ela dois dias de afastamento de suas funções, pois hoje ela veio trabalhar bastante abalada e acabou indo embora", contou.

Entenda o caso

Três pessoas foram presas em flagrante na tarde dessa quarta-feira (19) suspeitas de furtar processos da Corregedoria do Tribunal de Justiça do Piauí. Um vídeo divulgado pela polícia mostra um dos suspeitos pagando propina a uma funcionária do setor de limpeza, após ela ter roubado um processo. A mesma mulher foi quem denunciou aos superiores que acionaram a polícia.

Segundo o delegado Menandro Pedro, titular do Greco, o processo furtado apura denúncias contra o juiz da 2ª Vara Cível de Teresina. "O teor do documento é uma reclamação de um magistrado de São Paulo contra a decisão deste juiz, no qual envolve questão de terras. O advogado, funcionário público e o administrador foram presos em flagrante suspeitos de participação no esquema", explicou.