VÃtima de estupro diz que polÃtico quis convencê-la a não denunciar crime
18/06/2016 08h12Fonte G1 PI
O PI TV 2ª edição teve acesso aos depoimentos da jovem, de 21 anos, que foi vítima de estupro coletivo na cidade de Sigefredo Pacheco, Norte do Piauí. Além do relato da vítima, a reportagem divulgou nesta sexta-feira (17) os depoimentos de dois rapazes citados como autores da violência.A jovem conta que um dos suspeitos ligou para ela e, em seguida, passou o telefone para Paulo Henrique, que é um político da cidade. Segundo ela, o político orientou a não denunciar o crime, pois ela não iria ganhar nada com isso. Ainda de acordo com o depoimento da jovem, ele pediu que ela não fizesse exames e dissesse que tinha costume de se relacionar com alguns dos rapazes, além de ter aceitado gravar o vídeo com imagens de sexo.
Por telefone, Paulo Henrique, citado no depoimento, disse ao PI TV 2ª edição que vai procurar a delegacia de Campo Maior e solicitar que seja feita uma investigação porque ele não conhece a vítima e nunca falou com ela por telefone. Além disso, informou que depois da investigação irá tomar as providências judiciais cabíveis e processar os responsáveis pelas citações nos depoimentos, pois afirma que são inverídicas.
Quatro suspeitos de participação no estupro coletivo foram presos na tarde de quinta-feira (16) e um outro está foragido. A reportagem também teve acesso ao depoimento de dois rapazes envolvidos no abuso. Eles disseram que depois da festa e da gravação do vídeo foram para a casa da vítima, onde também se encontrava a amiga da vítima. Um dos rapazes falou que teve relações sexuais com amiga da vítima e o outro afirmou que pensou em fazer o mesmo com a própria vítima, mas acabou desistindo.
Um jovem de 18 anos afirmou que gravou o vídeo e compartilhou as imagens em um grupo de Whatsapp, aplicativo de mensagens na internet, que continha 18 pessoas.
Imagem: Pedro Santiago/G1Suspeitos de estupro coletivo em Sigefredo Pacheco foram apresentados pela Polícia Civil em Teresina.
Amiga pode responder por coautoria
A amiga da vítima pode responder pela coautoria do crime, segundo informou o delegado Laércio Evangelista, que preside o inquérito. De acordo com ele, a jovem estava no mesmo local onde o abuso ocorreu e não interveio na situação.
“Essa amiga pode responder por coautoria, incluída no artigo 29 do Código Penal, e já foi ouvida pela polícia. Ela estava no local tendo relações sexuais com um dos suspeitos, presenciou o abuso e não interveio", afirmou o delegado.
O artigo 29 do Código Penal diz que "quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade".
Uma das imagens a qual a polícia teve acesso mostra a moça visivelmente sem reação, deitada na cama com o vestido levantado e as partes íntimas à mostra. Na foto, um homem seminu aparece sentado próximo a ela. Já em um dos vídeos, que foi gravado dentro de um carro, mostra os rapazes debochando da vítima enquanto um deles a toca na vagina e ela não esboça qualquer reação. Todo o material foi compartilhado pelo WhatApp.
Segundo o delegado Laércio Evangelista, após a prisão dos quatro homens, eles confessaram que outros dois vídeos foram gravados e mostram a vítima em situaçõs absurdas e constrangedoras. Todos vão responder pelos crimes de estupro de vulnerável e difamação, já que compartilharam vídeos e fotos com o abuso realizado contra a vítima.
Entenda o caso
O crime aconteceu no dia 3 de junho, mas a denúncia só foi feita 11 dias depois na cidade de Campo Maior. Ainda de acordo com o delegado Laércio, os suspeitos têm 18, 22, 23, 25 e 27 anos. Apenas o de 22 anos segue foragido. Todas as prisões foram realizadas na cidade de Campo Maior, distante 80 km de Sigefredo Pacheco.
Para o G1, a mulher abusada afirmou que dois dos suspeitos chegaram a procurá-la e oferecer dinheiro para que ela não denunciasse o caso. A proposta foi feita quando a moça procurou os rapazes para saber do seu celular que havia desaparecido e saber por que haviam gravado e divulgado o vídeo em que aparece sendo abusada.
“Ofereceram dinheiro para eu não levar adiante. Disseram que eu podia pedir a quantia que quisesse para não denunciar”, falou.
Vítima reconheceu três, diz advogada
Segundo a advogada da jovem sua cliente reconheceu três homens que aparecem no vídeo em que mulher aparece sem roupa e desacordada.
Josefa Miranda comentou ainda que a moça teve conhecimento da violência sofrida após comentários de que imagens delas circulavam pelo WhatsApp. “Ela teve dificuldades para formalizar a denúncia devido à ausência de escrivães na cidade onde mora, mas já disse ao delegado que investiga o caso que conhece três rapazes que aparecem no vídeo”, revelou.
Ninguém da Polícia Civil do Piauí foi encontrado para comentar a falta de escrivães em Sigifredo Pacheco, que fica distante 80 km de Campo Maior.
Outros casos
O fato mais recente ocorreu em Pajeú do Piauí na terça-feira (7). Uma menina de 14 anos foi violentada sexualmente por quatro rapazes, sendo três adolescentes e um maior de idade. A mãe da vítima chegou a flagrar o estupro que ocorreu no banheiro de um ginásio poliesportivo.
No dia 20 de maio deste ano, uma garota de 17 anos foi encontrada desacordada e amarrada com uma de suas peças de roupa em Bom Jesus, Sul do estado. Quatro adolescentes e um jovem de 18 anos são investigados por suspeita de estuprar a moça.
Em maio do ano passado, quatro adolescentes com idades entre 15 e 17 anos foram brutalmente agredidas, estupradas e arremessadas do alto de um penhasco na cidade de Castelo do Piauí. Quatro menores foram apreendidos e um maior de idade preso suspeito de participação no crime.
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