Ex-PM acusado de matar namorada com um tiro na cabeça é condenado a 17 anos de prisão no PiauÃ
25/09/2021 08h55Fonte G1 PI
O ex-capitão da Polícia Militar Allison Wattson da Silva Nascimento foi condenado a 17 anos e seis meses de prisão pela morte da namorada Camilla Pereira de Abreu, de 21 anos, em outubro de 2017. O julgamento de Allison Wattson aconteceu nesta sexta-feira (24), na 2ª Vara do Tribunal do Júri.
Os jurados consideraram o ex-PM culpado pela morte com a presença de três qualificadoras: impossibilidade de defesa da vítima, ocultação de cadáver e fraude processual. Em depoimento, o acusado alegou que o tiro em Camilla Abreu foi acidental. Segundo ele, a vítima pegou a sua arma entre os bancos do carro e ao tentar desarmá-la o revólver disparou.
Para a família da vítima, a pena foi um "tapa na cara", considerando baixo o tempo que o capitão deve permanecer em reclusão. O pai de Camilla, Jean Carlos, disse que a família tem interesse de recorrer da sentença.
"A gente sabe como funciona, daqui poucos anos ele deve estar solto e vivendo a vida dele normalmente, enquanto a minha filha perdeu tudo. Já estaria formada, trabalhando, talvez com filhos... Só quem perde nessa situação é quem morre. Achamos a pena muito injusta", declarou.
O júri teve início às 9h (24) e terminou à 1h da madrugada de sábado (25), no Fórum Cívil e Criminal, comandado pela juíza Rita de Cássia da Silva, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. O promotor de acusação do caso é João Benigno Filho, que tem como assistente as advogadas de acusação Ravenna Castro e Carla Oliveira. Na defesa do réu estão os advogados Francisco de Assis Silva e Daniella Carla Gomes Freitas.
Depoimento acusado
Na saída de um quiosque, o acusado diz que deixou a amiga de Camilla em casa e seguiu para o apartamento da namorada, mas no caminho ela falou que não queria dormir lá. Segundo ele, a estudante de direito sugeriu um programa diferente e eles seguiram para o Povoado Mucuim, onde desceram para namorar e após uma discussão, ocorreu o disparo que matou Camilla Abreu.
"Descemos para namorar, houve um assunto que não me agradou. No momento que a Camilla foi entrar no carro, ela pegou a minha arma entre os bancos do carro. Eu tentei dar a volta no carro, conversar, tirar a arma dela, que estava alterada, não sei se por conta da bebida. Eu dei um golpe para desarmá-la, a arma disparou e o disparo pegou na cabeça dela. Tinha muito sangue, desse momento pra frente eu perdi a razão. Fiquei estático", declarou Allison Wattson.
Allison contou que Camilla Abreu estava em pé do lado da porta do passageiro e após o tiro caiu do lado de fora do veículo. O acusado diz que tentou segurar o corpo da namorada, depois a colocou dentro do carro, porque ela não respondia.
"Entrei em choque, coloquei ela no carro, mas era tanto sangue. Estava amanhecendo, deixei a Camilla no chão e fui para casa, desliguei o celular. Fiquei sem dormir, pensei em tirar a minha própria vida. Depois disso tomei um calmante, fui no quartel devolver a arma, porque não queria ela perto de mim", contou o acusado.
O ex-capitão falou que procurou um advogado, que o aconselhou a se livrar do carro, porque ninguém acreditaria nele. Allison confirmou ter levado o carro para lavar e tentou trocar o banco, que estava sujo de sangue de Camilla, e que pretendia transferir a documentação do veículo.
O corpo de Camilla foi encontrada cinco dias após do crime. A família da vítima chegou a registrar o desaparecimento da jovem no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).
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