Mais um indiciado pela morte de homem na frente das filhas é solto em São Raimundo Nonato

05/11/2022 08h27

Fonte G1 PI

A Justiça do Piauí concedeu liberdade a Mauro Viana de Almeida, indiciado pelo homicídio qualificado de João Rodrigues Neto Dias na frente das filhas, em São Raimundo Nonato. A decisão foi dada nessa quinta-feira (3) pelo desembargador Edvaldo Pereira de Moura.

"Diante do fato incontestável de que a participação do paciente se deu apenas dois dias após a consumação do homicídio e de que o paciente, se é que tinha prévia ciência dos planos homicidas, teve participação efetiva de menor importância", justificou o desembargador para o habeas corpus.

Ao todo, seis pessoas foram indiciadas pelo homicídio qualificado de João Rodrigues, marido da secretária municipal do trabalho e assistência social, Valdenia Costa. No entanto, o Ministério Público entrou com representação pela prisão preventiva dos dos irmãos Precilla Ferreira Pereira Fernandes e Luiz Ferreira dos Santos Neto.

O crime foi motivado por vingança, após a morte do pai dos mandantes do crime em um acidente de trânsito envolvendo João Rodrigues Neto, mas o laudo concluiu que ele não teve culpa.

No dia 28 de outubro, o juiz Carlos Alberto Bezerra Chagas determinou durante a audiência de instrução a soltura dos irmãos Precilla Ferreira Pereira Fernandes, que estava em prisão domiciliar, e Luiz Ferreira dos Santos Neto. Eles e Mauro vão cumprir algumas medidas cautelares, como:

• Comparecimento periódico em juízo a cada 15 dias, informando as atividades realizadas;
• Não se ausentar do distrito da culpa sem autorização do juízo;
• Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga, a partir das 20h até as 6h do dia seguinte;
• Proibição de manter contato por todos os meios com qualquer dos envolvidos no crime imputado, bem como com familiares e pessoas próximas à vítima. Com exceção de Mauro Viana que reside com a esposa Patricia Ferreira Pereira, que também está sendo processada na mesma ação de origem;

Comparecimento a todos os atos do processo para os quais for intimado.
Conforme o magistrado, o descumprimento de qualquer medida cautelar imposta acarretará nova decretação de prisão preventiva, caso não seja possível a imposição de medida cautelar menos severa.

Indiciados

Ao todo, seis pessoas foram indiciadas por homicídio qualificado de João Rodrigues. Os indiciados são os irmãos Paulo Ferreira Pereira e Patrícia Ferreira Pereira Fernandes, que, conforme a investigação, teriam encomendado o crime, após ele se envolver em um acidente de trânsito com o pai dos acusados.

O marido de Patrícia, identificado como Mauro; o suspeito de ter executado o crime para receber R$ 5 mil, Juniel Assis Paes Landim; o motorista que teria levado Juniel até o local para matar a vítima, que não foi identificado; e o homem que escondeu a arma, Juliermes Braga Paz Landim, também foram indiciados.

Segundo o delegado geral da Polícia Civil do Piauí, Lucy Keiko, os acusados teriam passado dias observando o cotidiano da vítima para planejar e executar o crime. Todos eles estão presos.

A denúncia aponta duas circunstâncias qualificadoras para o crime: (1) promessa de pagamento; (2) recurso que dificultou a defesa da vítima – uso de emboscada.

“A vítima foi executada friamente, com quatro disparos de arma de fogo. A motivação advém de inconformismo. Os acusados, a par dos mecanismos legais, tentaram que concluíssemos [o processo] da forma como eles queriam. Ancorados em provas técnicas, não só oitivas de pessoas, concluímos pelo não indiciamento do João. Então havia esse processo de vingança sendo trabalhado", comentou o delegado Marcelo Barreto.

Relembre o caso

João Rodrigues Neto Dias foi assassinado no Centro da cidade, no dia 13 de setembro. O crime foi executado quando ele estava com as duas filhas, de 8 e 11 anos. Segundo a Polícia Civil, o homem que executou o crime receberia R$ 5 mil para matar João, com a exigência de que ele fosse morto diante das duas filhas.

Uma câmera de segurança registrou o momento em que João Rodrigues foi assassinado na frente das duas filhas, enquanto passava de moto em uma rua no Centro de São Raimundo Nonato.

As imagens mostram que o criminoso esperou João Rodrigues passar para abordar a vítima. Depois que as crianças descem do veículo, o homem aponta a arma e atira em direção a cabeça de João.

Em seguida, a vítima cai da moto e o criminoso foge correndo. As duas crianças presenciaram toda a ação.

Minhas filhas eram o alvo, diz viúva

Valdênia Assis Costa, a viúva de João Rodrigues Neto Dias, contou em entrevista à TV Clube que seu marido duvidava que seria assassinado, apesar das ameaças que a família vinha sofrendo.

Para Valdênia, a intenção dos mandantes ao impor a exigência de que João fosse assassinado na frente das filhas era, além de acabar com a vida dele, a de destruir a família.

"Tinha no coração que as meninas eram um escudo para ele, que com elas, eles não teriam coragem de fazer isso. E não foi. Porque elas eram o alvo", disse a mãe.

Assassino receberia R$ 5 mil pelo crime

O suspeito de assassinar João Rodrigues Neto Dias, Juniel Assis Paes Landim, foi preso no dia 15 de setembro. Segundo a polícia, ele confessou o crime e informou que receberia R$ 5 mil pelo assassinato. Conforme o delegado geral de Polícia Civil, Lucy Keyko, o homem já tinha recebido R$ 1 mil e receberia o restante do dinheiro após o crime.

Segundo a polícia, os suspeitos de serem os mandantes são familiares de Pedro Ferreira - vítima de um acidente de trânsito ocorrido há no mês de junho de 2022, também em São Raimundo Nonato. Ele morreu depois de colidir com um animal em uma estrada, quando conduzia uma moto.

Logo atrás, João Rodrigues, de carro, teria tentado desviar dos animais na pista e acabou atropelando o corpo de Pedro. O homem morreu, mas o laudo concluiu que João não teve culpa no acidente.

"De fato ele [Pedro] morreu em consequência do atropelamento, mas era uma situação que a vítima [João] não tinha como evitar, foi um acidente", informou o delegado.

Filhos de Pedro presenciaram o acidente e a morte do pai e, segundo a polícia, passaram a ameaçar João de morte. Por ter visto o pai morrer, eles teriam ordenado que João fosse executado na frente das filhas, duas meninas menores de 10 anos.

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