Travesti é a sétima presa pela morte de garotas que cavaram as próprias covas

22/07/2021 15h19


Fonte G1 PI

Imagem: ReproduçãoWiliane de Sousa Teófilo, de 21 anos, foi presa na manhã desta quinta-feira (22), em Teresina.(Imagem:Reprodução)Wiliane de Sousa Teófilo, de 21 anos, foi presa na manhã desta quinta-feira (22), em Teresina.

Wiliane de Sousa Teófilo, de 21 anos, foi presa na manhã desta quinta-feira (22), em um povoado na zona rural de Teresina. Ela é uma das pessoas suspeitas de participação na morte de duas adolescentes que foram obrigadas a cavar a cova onde foram enterradas em Timon, município maranhense vizinho à capital.

De acordo com a Polícia Civil, as vítimas Joyce Ellen, 15 anos, e Maria Eduarda, 17 anos, foram torturadas, mortas e os corpos enterrados após serem sentenciadas de morte em um "tribunal do crime", realizado por uma facção criminosa.

Após a prisão, Wiliane Teófilo confessou que teve participação ao levar as vítimas para o local onde foram mortas, mas afirmou que não sabia o que aconteceria com elas.

Dez pessoas foram indiciadas pelos crimes e a prisão desta quinta-feira foi a sétima ligada ao caso. Antes, seis mulheres já tinham sido presas e, agora, outras três pessoas são consideradas foragidas da Justiça, porque têm mandado de prisão expedidos contra elas.

Requintes de crueldade

O delegado Antônio Valente, da Delegacia de Homicídios de Timon, afirmou que as investigações chegaram à conclusão de que o crime foi praticado com requintes de crueldade.

"Uma das vítimas pediu para morrer de tiro ou que a enterrassem viva, mas que parassem de bater nela. Os laudos cadavéricos apontaram que as adolescentes foram mortas com golpes de faca, taco, pá e picareta. Uma delas enterrada ainda viva", contou o delegado.

Segundo Antônio Valente, as vítimas não eram integrantes de facção criminosa. No entanto, três das envolvidas no crime conheciam a adolescente Maria Eduarda, do bairro Vila da Paz.

"A Joyce residia na área da organização rival e postava fotos fazendo menção apenas por brincadeira. Já Maria Eduarda morava na área da organização que a matou, fazia fotos com o símbolo da referida facção sem ao menos participar e foi executada", explicou.

Prisões

A primeira suspeita foi presa no dia 23 de abril, na cidade de Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul. Segundo a investigação da Polícia Civil de Timon, ela seria a pessoa responsável pela manutenção da “disciplina” das mulheres que são membros de uma facção criminosa. Na casa dela, que fica próximo ao local onde as garotas foram mortas, a polícia encontrou roupas das vítimas.

Outras duas jovens foram presas no dia 24 de junho em Teresina, suspeitas de participação no duplo homicídio. No dia 28 de junho, uma quarta mulher foi presa suspeita de envolvimento nos crimes. Com ela, os policiais civis apreenderam 44 pedras de crack e foi autuada em flagrante em Teresina. Já no dia 13 de julho, outra envolvida no crime foi presa na cidade de Uruçuí, Sul do Piauí.

Na segunda-feira (19), uma sexta suspeita foi presa na cidade de Marabá, no Pará. A ação foi coordenada pela Delegacia de Homicídios de Timon, com participação da Polícia Civil do Pará, além do Departamento de Combate ao Crime Tecnológico.

Suspeitos foragidos

Três suspeitos de participação no crime estão foragidos. São eles: Karina Ellen do Carmo Sousa, de Teresina, Johnny Willer Rodrigues de Souza, um dos líderes de organização criminosa, que reside em São Luís (MA), e Antônio de Deus Pereira, líder da organização no Piauí.

O delegado Antônio Valente revelou que a justiça também concedeu uma contraordem do mandado de prisão a outro investigado, líder de uma organização criminosa, que foi consultado durante as torturas antes das execuções.

"As identificações e prisões só foram possíveis com ajuda da comunidade e a integração das polícias do Maranhão, Piauí, Pará e Rio Grande do Sul, bem como a atuação do Ministério Público e do Judiciário", destacou.

Tribunal do crime

Segundo a investigação da Polícia Civil de Timon, as duas vítimas não eram membros da facção, mas se relacionavam com pessoas que eram.

O “crime” das duas teria sido morar em locais dominados por facções rivais e serem amigas. Além disso, as duas teriam gravado vídeos fazendo com as mãos os símbolos das duas facções.

Por conta disso, no final de março as duas adolescentes, que moravam em Teresina, foram atraídas para a cidade de Timon, onde foram “julgadas” pelos membros de uma das facções.

Como “pena”, elas tiveram de cavar as próprias covas, foram espancadas com golpes de faca, pauladas, e assassinadas. O crime foi filmado pelos próprios criminosos.

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