VÃtima de racismo no Mimbó teve que percorrer quase 200km para registrar BO
04/12/2022 16h30Fonte meionorte.com
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Françoar Paixão, vítima de um caso de racismo dentro do Quilombo Mimbó, localizado na zona rural de Amarante, conseguiu registrar um boletim de ocorrência na Central de Flagrantes de Teresina neste sábado (03), após percorrer quase 200 km. A situação ocorreu na última sexta durante um aniversário e as ofensas partiram de um convidado, que não faz parte da comunidade remanescente.
Ao Meionorte.com, Tatiana Paixão, esposa de Françoar, explicou que eles saíram ainda no sábado do Mimbó para realizar o boletim em Amarante, mas a delegacia estava fechada. Em seguida eles se deslocaram para a cidade de Água Branca, onde também não foi possível.
Mesmo sem comer, dormir e ainda ter problemas com o veículo no trajeto, o casal conseguiu registrar o boletim já em Teresina.
“Nós saímos do quilombo para registrar em Teresina porque não queríamos esperar para segunda. Não aguentamos ficar sem dormir, o psicológico da gente está muito afetado. Queríamos registrar naquele momento. Fomos para Amarante e estava fechado. Fomos para Água Branca e disseram que não dava para fazer porque não tínhamos o CPF do indivíduo e pediram para aguardar para segunda. Tive que ir para Teresina. O carro quebrou no meio do caminho; quase duas horas de relógio com o caro quebrado e chegamos em casa 3h30 da madrugada, sem beber e sem comer”, destacou.
Tatiana disse que após o registro da denúncia, seu esposo e ela estão mais calmos e aliviados, porém, o quilombola segue ainda abatido e aflito com o caso. Familiares do homem suspeito dos ataques racista estão querendo aliviar a situação, segundo Tatiana.
“O Françoar ainda está abatido. Eu já disse para ele tirar isso da cabeça e o problema é que o pessoal da família (do suspeito) está querendo passar pano para a situação, porque é parente da mulher do indivíduo; passar despercebido. Sempre quem apoia racista é assim. A sogra do rapaz já me ligou umas sete vezes, mas não vou querer acordo. Vamos querer resolver na delegacia. Falar nego de forma carinhosa é uma coisa, mas mandar tomar no (xingamento) e dizer que ‘esse nego tá me tirando, vai tomar no (xingamento) seu nego’. Isso é racismo. Ele é racista” desabafa Tatiana.
O caso
O Quilombo Mimbó, localizado na zona rural de Amarante, cidade a 160 km de Teresina, registrou nesta sexta (02) um episódio de racismo contra um morador dentro da própria comunidade. A denúncia do caso foi realizada nas redes sociais e gerou revolta.
Em entrevista ao Meionorte.com, Françoar Paixão, residente do quilombo e alvo dos ataques, segundo a denúncia, explicou que teria ido participar do aniversário de uma prima, quando ocorreu a situação. Conforme o morador, lá também estava o suspeito das ofensas, que era convidado de fora da comunidade e atual genro da aniversariante.
“Eu fui nesse aniversário na casa da minha prima e um rapaz, que nunca tinha visto, de fora, de Floriano, se encostou perto de mim e começou a falar sobre pele. Sobre que a mãe dele era negra, a avó dele e que a pele dele era mais clara. Perguntou um monte de barbaridade. Eu peguei uma cerveja, ele pegou a minha e esfregou no nariz, cheirou e saiu para pegar outra. Depois ele me chamou de um monte de barbaridades, ofensas racistas, me ofendeu bastante. Me mandou tomar naquele lugar, me chamou de negro preto, essas coisas”, destacou a vítima.
Françoar Paixão disse que em seguida se retirou do local, para evitar maiores confusões. A denúncia feita pelo quilombo nas redes sociais consta ainda que, após o episódio, a esposa do Françoar, Tatiana Barreto, disse para o homem que ele estava cometendo um crime. “Nesse momento, a nora do racista diz em alto e bom som que Ninguém filmou, ninguém tem prova e eu sou amiga do delegado, isso não vai dar em nada!”. Vale ressaltar que sogra do racista também é retinta, mas que não é natural do Mimbó”, diz a nota
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