Campo Maior: sete escolas padecem sem reformas mesmo com dinheiro na conta da prefeitura
31/01/2020 06h21Fonte 180 graus
Imagem: 180 graus
ENSINO PÚBLICO
Embora a quantia de R$ 2.290.464,11 do dinheiro dos precatórios do FUNDEF tenha sido liberada há cerca de mais ou menos um ano, por decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE), referente a uma pequena parte dos 40% da dinheirama, as reformas em algumas escolas do município veio a iniciar depois de denúncia de que cerca de R$ 818 mil desse dinheiro teria sido usado para pagar consignados.
Esta semana o Blog Bastidores, do 180, visitou sete escolas que constam como integrantes do plano de ação do município apresentado ao TCE e que iriam ser reformadas com o dinheiro do FUNDEF.
As evidências iniciais é que ou elas não foram reformadas, mesmo o dinheiro estando disponível, ou iniciaram na última semana as tais "reformas", quando começaram a eclodir as denúncias de suposto desvio dos recursos. Tudo isso em ano eleitoral.
Uma das primeiras escolas que deveria receber recursos oriundos dos precatórios do FUNDEF era o CAIC. Segundo o plano de ação apresentado pelo município e aprovado pela Câmara de Vereadores, a reforma seria na parte elétrica.
Ontem o Blog Bastidores mostrou que nada foi feito.
Por vezes, gestores públicos, quando confrontados com a mídia, ou investigações em aberto, que apuram denúncias, dão um jeito de maquiar ou fazer o que antes havia se proposto e que não teria feito a contento se não houvesse a visibilidade para o caso. Outras vezes, no entanto, não estão nem aí.
Escola Linoca Gayoso – Povoado Água Fria
A primeira escola visitada pela reportagem, cuja reforma era prevista há quase um ano neste tal plano de ação é a Linoca Gayoso, localizada no Povoado Água Fria, zona Rural de Campo Maior, a mais de meia hora do centro da cidade.
Lá a equipe do 180 encontrou alguns pedreiros erguendo um muro nas laterais e fundo da escola. Essa seria a "ampliação". O ambiente encontrava-se sujo, com o aspecto abandonado, pisos quebrados.
Os pedreiros afirmaram que começaram a trabalhar no dia 20 de janeiro somente. E que o muro a princípio seria apenas “chapiscado” com cimento MIZU.
CAIC - Bairro Fripisa
Na segunda escola, como já evidenciou publicação do 180, as principais reclamações dos usuários são:
- a reforma a ser feita na escola seria na rede elétrica, mas nunca ocorreu;
- iluminação da escola bastante precária;
- fiação exposta próximo às salas de aula;
- local escuro, com a maior parte da iluminação vindo da luz solar (quando é possível);
- à noite não há iluminação adequada, abrindo margem para a invasão de terceiros, sendo perigoso;
- refeitório, banheiros, corredores e parte externa não possuem iluminação suficiente;
Os recursos destinados para tal reforma seriam da ordem de R$ 80 mil.
Maroquinha Bona – Localidade Água Branca – BR-343
Outra escola visitada pela reportagem e que deveria ter sido reformada segundo plano de ação da prefeitura de Campo Maior no tocante aos 40% do FUNDEF é a Maroquinha Bona, localizada na Localidade Água Branca, na BR-343.
Mesmo havendo a suposta destinação de R$ 60 mil para a ampliação, ninguém constatou nenhuma obra no último ano.
Quem fornece transporte escolar para a localidade chega a relatar atraso dos repasses desde novembro de 2019.
Escola Professor Hilson Bona - Centro
Outra escola visitada foi a Professor Hilson Bona, localizada no centro de Campo Maior. Segundo o plano de ação da prefeitura está previsto para essa escola R$ 70 mil a serem destinados à ampliação e reforma.
Os pedreiros presentes ao local informaram que começaram a demolição de muros atrás da escola, mas que ainda não chegou nenhum material para levantar as paredes e construir o que seria uma espécie de cantina/refeitório.
As demolições teriam, também segundo eles, iniciado há 2 semanas, somente.
Creche Tia Angélica – Bairro Santa Rita
De todas as escolas visitadas a que está em melhor estado de conservação é a creche Tia Angélica, localizada no bairro Santa Rita. Porém, embora em bom estado de conservação, não havia ampliação como previsto no plano de ação, da ordem de R$ 60 mil.
O que ocorreu segundo apurou a reportagem, foi pintura e uns rebocos na pequena creche para iniciar as aulas ainda no ano passado, em 2019.
Escola Deinha Andrade
A penúltima escola visitada dentre as que integram plano de ação dos 40% e dos 60% a serem liberados dos precatórios do FUNDEF, cujos recursos devem ser usados - ou eram para ser usados - em reforma, ampliação e aparelhagem, é a Deinha Andrade, localizada na zona rural da cidade.
As fotos mostram que não houve a reforma inicial prevista no plano de ação dos 40%, para ampliação e reforma, no valor de R$ 60 mil.
Em conversa com um grupo de crianças que frequentam a escola, elas disseram que não teve reforma, somente a instalação de um ar condicionado e que foi prometida a construção de uma quadra esportiva, porém nunca foi feita.
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Criança: “Ei, o homem veio aqui e prometeu uma quadra para gente”.
180: “Que homem?”
Criança: “Um homem aí. Mas nunca fizeram”.
180: “A gente vai ajudar a cobrar, tá?”
Crianças em coro: “tá bom”.
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Última Escola: José Neves – Bairro Cariri
A última escola visitada também tinha suas obras apenas iniciado. Os banheiros estavam em reforma, o teto estava sendo retelhado e havia marcação para ampliação da cozinha.
PROCURADA
A secretária de Educação do município Conceição Lima foi procurada na sede da pasta em que atua essa semana, mas disseram que ela não se encontrava e que estaria visitando escolas.
Ela pode entrar em contato através do e-mail jornalistaromulorocha@uol.com.br.
Ou via WhatsApp - o mesmo já usado para tentar contactá-la.
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