CPI: senador discursa contra frase homofóbica de empresário bolsonarista

30/09/2021 14h49


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoSenador Fabiano Contarato(Imagem:Reprodução)Senador Fabiano Contarato

Na abertura da sessão da CPI da Covid nesta quinta-feira (30), o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) fez um discurso contra uma frase homofóbica postada em redes sociais pelo depoente, o empresário bolsonarista Otávio Fakhoury. Contarato, que é casado com um homem e tem dois filhos, disse para Fakhoury: "Sua família não é melhor que a minha".

Contarato também pediu que a polícia legislativa investigue Fakhoury por homofobia.

O discurso do senador foi feito a partir da cadeira da presidência da CPI. O presidente, Omar Aziz (PSD-AM), lhe cedeu o lugar temporariamente, para dar destaque à fala.

A postagem de Fakhoury que Contarato respondeu se aproveitava de um erro de ortografia cometido pelo senador também em uma rede social. O parlamentar, na ocasião, havia comentado o depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, um dos primeiros a ser ouvidos na CPI. Contarato escreveu que Wajngarten deveria ser preso e que, no depoimento, se configurou "estado fragancial (sic)".

Ao ter o depoimento marcado pela CPI, na semana passada, Fakhoury atacou Contarato.

"O delegado [Contarato], homossexual assumido, talvez estivesse pensando no perfume de alguma pessoa ali daquele plenário... Quem seria o perfumado que lhe cativou?", escreveu o empresário bolsonarista.

Nesta quinta, com a voz embargada, dirigindo-se a Fakhoury, Contarato respondeu:

"O senhor não é um adolescente. O senhor é casado, tem filhos. A sua família não é melhor que a minha", afirmou o senador.
"Eu aprendi que a orientação sexual não define caráter, a cor da pele não define o caráter, poder aquisitivo não define caráter", continuou Contarato. "Eu sonho com o dia em que eu não vou ser julgado por minha orientação sexual. Sonho com o dia que meus filhos não serão julgados por ser negros."

O senador disse que sonha com o dia em que as pessoas não serão julgadas por opção sexual, cor ou gênero.

"Eu sonho com um dia em que eu não vou ser julgado por minha orientação sexual. Eu sonho com um dia em que meus filhos não serão julgados por serem negros. Eu sonho com um dia em que minha irmã não vai ser julgada por ser mulher e que o meu pai não será o julgado por ser idoso", disse o senador.

Contarato afirmou ainda que Fakhoury representa bem o presidente Jair Bolsonaro, por ser alguém que defende a família, que defende a moralidade, mas acaba violando a moralidade e a legalidade. E disse que o dia em que as pessoas não serão mais discriminadas ainda não chegou por causa desse tipo de comportamento.

"Esse dia ainda não chegou, porque o senhor é o tipo da pessoa que retrata muito bem esse presidente da República, que fala na família, na família tradicional, mas a minha família não é pior do que a sua, porque a mesma certidão de casamento que o senhor tem eu também tenho; que fala na Pátria, que fala na legalidade, que fala na moralidade, mas o senhor é o principal violador dessa legalidade e moralidade; que fala em Deus acima de todos. Deus está no meio de nós", completou o senador.

Contarato afirmou que, se Fakhoury fosse realmente a favor da legalidade, saberia que a Constituição determina o fim de todo o tipo de discriminação.

"Se o senhor obedecesse ao princípio da legalidade, o senhor saberia que no art. 3º, inciso IV, da Constituição Federal está expresso que um dos princípios, que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é promover o bem-estar de todos e abolir toda e qualquer forma de discriminação, toda e qualquer forma de discriminação", declarou o parlamentar.

Após o discurso do senador, Fakhoury pediu desculpas e disse que não teve a intenção de ofender. Disse também que sua postagem foi infeliz.

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Tópicos: senador, discurso, car?ter