Deputados lamentam aprovação da terceirização irrestrita pela Câmara
23/03/2017 13h40Fonte Alepi
O deputado Cícero Magalhães (PT) foi o único orador da sessão plenária desta quinta-feira (23), quando lamentou a aprovação, ontem, pela Câmara dos Deputados, da terceirização irrestrita, que instituiu uma nova sistemática de contratação de trabalhadores do país.“Não estas normas previstas nos artigos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e todas as decisões, a jurisprudência que existe no Superior Tribunal do Trabalho, mas um crime sem precedentes. Eu fico a perguntar qual a negociação, o que o trabalhador vai ter direto de negociar com seu empregador no momento da contratação? Justamente no momento em que o Brasil tem 14 milhões de desempregados. É como você colocar para negociar o animal que está na fila para abate. O trabalhador entra com o pescoço e o patrão com a guilhotina. Não tem salvação”.
Magalhães entende que a terceirização irrestrita acaba com todas a legislação trabalhista que havia, com todas as garantias conquistada ao longo de quase um século pela classe trabalhadora.
“O trabalhador não vai ter mais direito a 13º salário, não tem direito ao FGTS, não tem direito aposentadoria, não tem mais direito à licença maternidade, no caso das mulheres...não tem direito a mais nada. É desumano, é ferir de morte os direitos dos trabalhadores. É vergonhoso o que foi feito ontem. Como é que aqueles senhores, aquelas senhoras, que votaram a favor da terceirização irrestrita vão andar nas ruas: eu quero seu voto porque de enterrei vivo, no momento em que não há mais a geração de emprego. É uma selvageria”, considerou o orador.
O deputado lembrou que aumentaram a idade para o cidadão se aposentar e agora retiram todos os direitos dos trabalhadores conquistados a duras penas.
“Você que ainda jovem não vai ver seu pai e sua mãe aposentada. Acabaram com tudo no setor público e setor privado. Fica a pergunta aqueles que votaram contra a trabalhadora ontem não devem ter pai, não deve ter mãe, não deve ter sido gerado, não deve ter ninguém na vida deles. E eles vieram ao mundo fruto não sei nem do que. Eles não tem pena dos idosos, da experiência dos seus pais e seus avós e ainda se ouve alguém dizer que acabou a vagabundização remunerada, como disse deputado. Isso não pode acontecer. Nós temos que cuidar do nosso povo, da nossa gente. Se não se gera emprego não é acabando com os empregos que ainda resta que vamos resolver a situação do país. Temos que proteger aqueles que empregos que ainda existem”.
Controvérsia
O deputado estadual Edson Ferreira (PSD), em aparte, advertiu que a carga trabalhista brasileira é a maior do mundo. “Nossa legislação trabalhista é de 1940, portanto, existe há quase 80 anos. Não sou contra os direitos trabalhistas não, mas sou a favor da reforma e respeitando antecipadamente a opinião do deputado, mas os encargos são muito altos, o que faz com que a informalidade aumente", entende.
"Em regra geral se você tem uma quitanda e coloca um funcionário para trabalhar. Em cinco anos, quando terminar o contrato, você vende a quitanda e não paga os direitos trabalhistas dele”, comparou.
Também falaram os deputados Aluísio Martins, João de Deus (PT) e Dr. Pessoa (PSD), todos contra a terceirização de todas as atividades nas empresas, seja pública ou privada.
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