Em live, Bolsonaro se desculpa por piada preconceituosa, mas reforça estereótipo homofóbico
30/10/2020 16h06Fonte Isto é
Imagem: DivulgaçãoBolsonaro pede desculpas após zombar de refrigerante rosa no Maranhão.
Em live, Bolsonaro se desculpa por piada preconceituosa, mas reforça estereótipo homofóbico
Durante uma live transmitida em suas redes sociais na noite desta quinta-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro se desculpou pela piada homofóbica que fez mais cedo durante visita ao Estado do Maranhão, mas seguiu reforçando estereótipo homofóbico.
Ao lado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, Bolsonaro começa sua transmissão ao vivo demonstrando apoio a diversos candidatos a vereadores pelo Brasil, inclusive seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), candidato à reeleição no Rio de Janeiro.
Ao iniciar seu apoio à candidata a vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos-SP), em trecho que pode ser conferido no vídeo abaixo a partir dos 7m35s, ele interrompe a fala para dizer “quem diria, o pessoal dizia que eu era misógino. O que que é misógino, [Tereza] Cristina? É quem não gosta de mulher, né? Então eu gosto de homem! Se eu não gosto de mulher, eu gosto de homem”, diz o presidente.
Nesse momento, ele pega uma lata do refrigerante que está em sua mesa e serve um copo para si próprio e para a ministra, e prossegue: “esse é o tal do Guaraná Jesus que deu polêmica comigo hoje lá em São Luís, no Maranhão.”
Bolsonaro toma um gole do tradicional refrigerante de coloração cor-de-rosa do Maranhão e faz um gestual com as mãos tradicionalmente utilizado para estereotipar os gestos de pessoas homossexuais.
“Olhei a cor e falei opa, que trem é esse aí, pô! e já fiquei logo desconfiado. Mas eu tomei e confesso que não senti nada”, diz o presidente, causando risos gerais na sala. Quando a ministra Tereza Cristina diz que o refrigerante é gostoso, ele prossegue “fala grosso aí, fala grosso aí!”.
Bolsonaro segue elogiando o refrigerante, mas faz piada com alguém que não aparece nas câmeras e que estaria usando uma camisa cor-de-rosa. “Ei, Negão, você tá com a camisa cor-de-rosa aí! Tu tá pisando na bola, hein? Tu não tá jogando água fora da bacia, não? Não vai pisar na bola, não!”
Ao ser respondido pelo homem que diz que a camisa foi um presente da esposa, Bolsonaro diz “ela tá botando fé em você ou não?”, para risos gerais.
No fim da live, aproximadamente aos 56 minutos, Bolsonaro se desculpa pela piada que fez mais cedo no Maranhão:
“Pessoal, fiz uma brincadeira. Se alguém se ofendeu, me desculpa aí, tá certo. O Guaraná Jesus, devido à cor dele, cor-de-rosa”, disse o presidente.
Mais cedo, em passagem pelo Maranhão, o mandatário parou para cumprimentar apoiadores, que ofereceram para o presidente um copo de Guaraná Jesus. “Agora virei boiola igual maranhense, é isso?”, disse ao beber o refrigerante.
“É cor-de-rosa do Maranhão aí, ó. Quem toma esse guaraná aqui vira maranhense hein”, acrescentou. Sem máscara, o presidente causou a aglomeração de pessoas no local, onde posou para fotos. A interação foi transmitida ao vivo pelas redes sociais do chefe do Executivo. Bolsonaro ainda insistiu na piada preconceituosa. Indicando a cor da bebida, ele questionou a multidão: “Que boiolagem é isso aqui?”.
Pelo Twitter, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que o presidente demonstrou falta de educação e decoro ao fazer uma piada sem graça, que utilizou dinheiro público para fazer propaganda política, e que ele seria processado.
Mais tarde, Dino voltou ao Twitter para dizer que é atacado constantemente por Bolsonaro porque, apesar de eleito em 2018, o presidente venceu em apenas 3 das 217 cidades do Maranhão.
UM POUQUINHO FORA DO PESO, O ÚNICO DEFEITO
Além dos comentários homofóbicos, ainda em sua live, Bolsonaro também faz piada com o peso de outro candidato, dessa vez o postulante à prefeitura de Belo Horizonte Bruno Engler (PRTB), em trecho que começa aproximadamente aos 12 minutos do mesmo vídeo.
O presidente inicia sua fala ressaltando que há outro candidato que já está com aproximadamente 60% das intenções de voto na capiital mineira, segundo as pesquisas, em referência a Alexandre Kalil (PSD), e prossegue:
“Uma cartada nova, o Bruno Engler, em Belo Horizonte, que conheço há uns 4 anos. É um jovem. Está um pouquinho fora do peso, é o defeito dele isso aí. Deve ser a pandemia, ficou em casa muito tempo”, diz Bolsonaro.
Nos bastidores, alguém pergunta ao presidente quantas arrobas o canditado estaria pesando. E Bolsonaro responde: “Bruno, me desculpa, mas tá com pinta aqui de umas sete arrobas”, para risos gerais.
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