Impopular e isolado, governo Temer sinaliza fim prematuro

18/06/2018 09h50


Fonte Estadão

Imagem: Lula Marques/ AGPTClique para ampliarImpopular e isolado, governo Temer sinaliza fim prematuro.(Imagem:Lula Marques/ AGPT)

Com uma impopularidade histórica e um esvaziamento do apoio congressual, o mandato de Michel Temer apresenta os primeiros sinais de um desfecho prematuro.

A quase seis meses da passagem da faixa presidencial, o Palácio do Planalto desistiu de propostas antes prioritárias, não consegue evitar que medidas provisórias caduquem, passou a ser menos frequentado por aliados e corre o risco de perder funcionários comissionados.

A possibilidade do governo acabar antes do fim era o principal receio de auxiliares presidenciais que defendiam que o presidente mantivesse o discurso de candidato à reeleição até julho, postergando o processo de abandono de seu mandato por políticos e empresários.

Em conversas reservadas, o presidente foi convencido de que dificilmente conseguirá emplacar até o final do ano propostas que já não estejam no Congresso e reconhece a dificuldade de fazer o sucessor na eleição deste ano.

O principal receio dele, segundo parlamentares governistas, é de que o próximo presidente revogue as duas medidas que ele considera os principais legados de seu mandato: o teto de gastos e a reforma trabalhista.

Em um governo sem capital político, o projeto de simplificação tributária, por exemplo, deve ficar apenas para a próxima gestão. Prometida há mais de um ano, a iniciativa segue em fase de formulação e não tem expectativa de envio ao Poder Legislativo.

O caminho deve ser o mesmo da reforma previdenciária, que, após não ter respaldo mínimo para ser aprovada, foi deixada de lado diante da intervenção federal no Rio de Janeiro. A sua retomada após a eleição presidencial é considerada pouco provável inclusive por partidos governistas.

Em discurso, o presidente reconheceu que a regulamentação do código de mineração, assinada na terça (12), foi uma espécie de "fecho" das reformas de seu mandato. "Eu quero dizer que é um quase um fecho, digamos assim, das grandes reformas que fizemos", disse.

A mudança nas regras do setor de saneamento básico também não saiu da fase de análise. Na segunda quinzena de julho, o Congresso Nacional entrará em recesso parlamentar e, com o processo eleitoral, não deve ter quórum para votações até o final de outubro.

Com uma impopularidade de 82%, segundo o Datafolha, o presidente tem enfrentado dificuldades até mesmo em não deixar que medidas provisórias percam a validade. Nos últimos meses, não foram votados, por exemplo, ajuste na reforma trabalhista, privatização das distribuidoras elétricas e aumento na tributação de fundos exclusivos.


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Tópicos: presidente, mandato, reforma