Juiz Sérgio Moro aceita ser superministro da Justiça no governo Bolsonaro

01/11/2018 13h15


Fonte Folhapress e Estadão Conteúdo

Imagem: FolhapressClique para ampliarJuiz Sérgio Moro aceita ser superministro da Justiça no governo Bolsonaro.(Imagem:Folhapress)Juiz Sérgio Moro

O juiz federal Sergio Moro aceitou nesta quinta-feira (1º) convite para assumir o Ministério da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PSL). Responsável pela Lava Jato em Curitiba, Moro foi sondado para compor a pasta ainda durante a campanha eleitoral.

Em nota, o novo ministro disse que aceitou o convite da gestão Bolsonaro após uma reunião para discutir políticas para a pasta.

"Fiz com certo pesar, pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior", disse Moro.

Eleito presidente no domingo, Bolsonaro recebeu Moro na manhã desta quinta no Rio de Janeiro.

A Operação Lava Jato seguirá com os juízes de Curitiba. Moro afirmou que se afastará das novas audiências e que mais detalhes serão fornecidos em coletiva de imprensa na próxima semana.

Ele já não participará de audiência com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo dia 14, que deverá ficar a cargo da juíza substituta Gabriela Hardt.

O novo titular definitivo da Lava Jato ainda será definido.

Em mensagem no Twitter, Bolsonaro disse que "a agenda anti-corrupção, anti-crime organizado, bem como respeito à Constituição e às leis, será o nosso norte!".

Segundo o vice do presidente eleito, general Hamilton Mourão (PRTB), a primeira abordagem aconteceu há algumas semanas.

"Isso já faz tempo, durante a campanha foi feito um contato",
afirmou, em conversa na quarta-feira (31), no Rio. De acordo com o general, o responsável por contatar o juiz foi o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.

Nos últimos dias, a sinalização do magistrado, de aceitar ser ministro, foi alvo de críticas de parte da classe política. O candidato a presidente derrotado Ciro Gomes (PDT) chegou a dizer que Moro era uma "aberração de toga".

O governo Bolsonaro ainda avalia tornar a pasta de Moro um superministério que integraria as estruturas da Justiça, Segurança Pública, Transparência e Controladoria-Geral da União e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), ligada hoje ao Ministério da Fazenda.

Leia na íntegra a nota enviada pelo novo ministro da Justiça, Sergio Moro.

"Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Segurança Pública na proxima gestão. Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a pespectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à Constituição, à lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão.

Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguirá em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes".


Ao sair da reunião

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba, se reuniu com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) na manhã desta quinta-feira, dia 1º, no Rio de Janeiro. Sob escolta da Polícia Federal, ele chegou sem dar declarações. Na saída, o juiz federal chegou a descer do veículo onde estava para falar com a imprensa, mas um início de tumulto acabou fazendo com que ele retornasse sem se pronunciar.

Logo após a saída de Moro, o Blog do Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, divulgou que o magistrado havia aceitado o convite do capitão da reserva para comandar o superministério da Justiça. E que irá divulgar uma nota ainda pela manhã detalhando os termos da proposta que aceitou.

O encontro durou pouco mais de 1h30 e ocorreu na casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste da capital fluminense. O juiz federal desembarcou no Rio às 7h30 e entrou em uma caminhonete da PF ainda na pista de pouso do Santos Dumont.

Durante a reunião entre os dois, muitos curiosos se aglomeraram em frente ao condomínio, que fica em frente à praia da Barra. Isso atrapalhou a saída da comitiva que levava o juiz federal - Moro estava em uma das duas caminhonetes da PF, que ficou cinco minutos parada na saída do conjunto de casas. Foi nesse momento que o juiz saiu para se pronunciar, ao lado de Paulo Guedes, mas acabou voltando.


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