Mesmo após operação da PolÃcia Federal, corrupção no TJ da Bahia continuou, afirma PGR
14/12/2020 18h11Fonte G1
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que a deflagração das primeiras fases da Operação Faroeste não interrompeu a "corrupção sistêmica" no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), mas diminuiu a "concorrência" entre desembargadores investigados.A operação apura um suposto esquema de venda de sentenças para a legalização de terras griladas no Oeste do estado, que, segundo a investigação, envolvia o uso de laranjas e empresas para dissimular benefícios obtidos ilicitamente.
Nesta segunda-feira (14), a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) deflagaram uma nova etapa da Operação Faroeste, que incluiu pedidos de prisão temporária de duas desembargadoras do TJ da Bahia. A nova etapa foi autorizada pelo ministro Og Fernandes, do STJ. Antes da operação desta segunda (14), a quinta fase da operação, em 24 de março, cumpriu 11 mandados expedidos, três deles de prisão temporária e outros oito de busca e apreensão. Na primeira fase, em novembro do ano passado, o presidente do tribunal e cinco magistrados foram afastados.
A TV Globo teve acesso à decisão que permitiu a nova fase da operação.
Ao requerer a nova etapa, a PGR afirmou que as desembargadoras Lígia Cunha e Ilona Reis assumiram protagonismo com o afastamento de colegas alvos de etapas anteriores da Faroeste.
“A corrupção sistêmica no Tribunal de Justiça da Bahia não parou, após deflagração da Operação Faroeste, ao contrário, a concorrência diminuiu, com o afastamento dos desembargadores Gesilvaldo Britto, José Olegário, Maria da Graça Osório, Maria do Socorro Sandra Inês Rusciolelli. As desembargadoras Lígia Cunha e Ilona Reis assumiram posição de destaque, nessa atividade econômica criminosa, optando a primeira por tentar obstruir as investigações contra ela e os integrantes de sua ORCRIM, ao passo que Ilona Reis tem procurado ficar fora do radar, com afastamento e adiamento de julgamento que a possam colocar em risco”, escreveu a PGR.
A defesa de Lígia Ramos informou que a prisão temporária é medida por demais grave e precipitada e que a desembargadora nunca foi chamada para ser ouvida. O G1 não tinha conseguido contato com a defesa de Ilona Reis até a última atualização desta reportagem. A Polícia Federal também ainda não havia informado se os dois mandados de prisão já tinham sido cumpridos.