Parlamentares e ex-aliados reagem a prisão de Queiroz em Atibaia

18/06/2020 18h27


Fonte Estadão Conteúdo

Imagem: ReproduçãoParlamentares e ex-aliados reagem a prisão de Queiroz em Atibaia(Imagem:Reprodução)
 Parlamentares, ex-aliados de Jair Bolsonaro e filhos do presidente reagiram à prisão do ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz. Entre as manifestações, surgiram pedidos para que Queiroz aceite virar delator, questionamentos sobre a participação do presidente na "estadia" dele na casa do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef e até mesmo pedido de cassação do mandato de Flávio.

Queiroz foi preso na manhã desta quinta-feira, 18, em um imóvel de propriedade de Wassef, advogado da família Bolsonaro, em Atibaia, no interior de São Paulo. A operação, conduzida pelos Ministérios Públicos do Rio e de São Paulo, foi batizada como "operação Anjo", uma referência ao apelido do advogado entre os membros do clã Bolsonaro. Além de Queiroz, um mandado de prisão preventiva foi expedido em nome de Márcia Oliveira Aguiar, esposa do ex-assessor, e buscas foram realizadas em um imóvel na zona norte do Rio, onde morou uma assessora de Flávio.

Entre os mais incisivos ao comentar a prisão de Queiroz está o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Em uma série de publicações, o parlamentar questionou se a ideia de "esconder o Queiroz na casa do advogado do 01" foi de Bolsonaro e afirma que o ex-assessor tem relações com a milícia do Rio de Janeiro, tendo inclusive apresentado o ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como "Capitão Adriano" - morto na Bahia e apontado como chefe da milícia Escritório do Crime - a Flávio Bolsonaro. Freixo foi relator da CPI das Milícias quando era deputado estadual no Rio.

"Homem de confiança de Jair Bolsonaro, Queiroz jogava em todas as posições no time da família: ponta de lança na área da milícia, articulador das rachadinhas no gabinete do Flávio, trouxe o matador Adriano da Nóbrega para o elenco e ainda depositou $$$ na conta da primeira-dama", escreveu Freixo em um dos tuítes.

O senador Fabiano Contarato (Sustentabilidade-ES) foi outro que questionou o fato de Queiroz estar na casa do advogado da família. Contarato classificou como "lorota" as recorrentes declarações de Flávio afirmando não saber o paradeiro do ex-assessor. "Estava escondido na casa do advogado da família Bolsonaro há mais de um ano e o senador investigado diz que não sabia do seu paradeiro. Com certeza não dá para acreditar nessa lorota: o cinismo dessa gente não tem limites!", escreveu.

O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Sustentabilidade-AP), foi mais radical em sua manifestação. O senador defendeu a cassação do mandato de Flávio e que o filho do presidente fosse levado até a Justiça. "Queiroz foi preso! E foi encontrado na casa do advogado de FLÁVIO BOLSONARO. Quem poderia imaginar essa relação? Aliás, está na hora da nossa denúncia contra Flávio andar. Tem que ser cassado URGENTE! O senador e filho do presidente deve respostas à justiça. Ah! Grande dia."

Ex-aliados do presidente também aproveitaram o momento para criticar a relação da família com o ex-assessor, apontado pelo MP do Rio como o operador de um esquema de rachadinha no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, quando era deputado estadual. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), publicou uma série de mensagens com a hashtag #DelataQueiroz em seu Twitter. Em uma delas, a deputada destacou que a fachada do imóvel onde houve a prisão tinha uma placa do escritório de advocacia de Wassef.

Utilizando a mesma hashtag, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) fez referência a uma declaração em que Queiroz pede que nada aconteça com sua filha, que também foi assessora da família Bolsonaro, e com sua mulher - alvo de um mandado de prisão. "Queiroz dizia que ficaria calado se fosse preso, mas abriria o bico caso a Justiça chegasse na sua mulher ou na sua filha. Sua mulher teve mandado de prisão expedido hoje. #DelataQueiroz GRANDE DIA."

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, não fez nenhuma crítica direta. No entanto, aproveitou para voltar ao tema de que a independência entre as instituições. Ao deixar o governo, Moro acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal, o que resultou no inquérito que vem sendo relatado pelo ministro Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal. "O importante é que polícias, Ministério Público e Cortes de Justiça possam trabalhar de maneira independente e que todos os fatos sejam esclarecidos", disse.

Alvo da mesma investigação em que Queiroz é alvo, o senador Flávio Bolsonaro foi o primeiro representante da família a se manifestar publicamente após a prisão de seu ex-assessor. Flávio se disse tranquilo e afirmou que a operação era apenas "mais uma peça" movimentada para atacar Bolsonaro.

"Encaro com tranquilidade os acontecimentos de hoje. A verdade prevalecerá! Mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro. Em 16 anos como deputado no Rio nunca houve uma vírgula contra mim.Bastou o Presidente Bolsonaro se eleger para mudar tudo! O jogo é bruto!"

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), por sua vez, usou as redes sociais para esclarecer que o imóvel em que houve buscas na zona norte do Rio não pertence ao seu pai. No começo da manhã, um mandado de busca e apreensão foi cumprido em um endereço no bairro de Bento Ribeiro, próximo a um imóvel declarado como bem do presidente. A casa alvo do mandado, onde morava uma assessora de Flávio, contudo, não é o mesmo.


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