Reforma política gera embate entre os deputados na Assembleia Legislativa do PI

02/05/2015 12h04


Fonte 180graus

Os deputados estaduais do Piauí admitem o impacto do poder econômico na definição das eleições no estado e questionam as mudanças que estão sendo discutidas na proposta de reforma política em tramitação na Câmara Federal. Os deputados Robert Rios (PDT) e João de Deus Sousa (PT) denunciaram que só se elege quem tem dinheiro para adquirir votos. Segundo eles, o fundo partidário poderia financiar as campanhas eleitorais.

Eles concordam, porém, que quem tem serviço prestado tem mais condições de fazer política, sem depender de recursos financeiros. "Dinheiro não é para gastar em campanha, é para comprar votos", afirmou Robert Rios. Robert disse que o Congresso Nacional que foi eleito não tem moral e nem a confiança do povo para fazer a reforma política. Uma das propostas da reforma política é instituir o financiamento público de campanha, que tem o apoio de boa parte dos políticos e entidades e instituições.

Para Robert Rios, as denúncias de corrupção investigadas pela operação Lava-Jato coloca o Congresso Nacional sob suspeita. "Esse Congresso eleito com recursos do petrolão querendo fazer reforma política é a mesma coisa de uma reforma feita pelo PCC. É um Congresso viciado e não representa os valores da população brasileira. Metade do Congresso está envolvida em corrupção", alardeou o deputado. O parlamentar alegou que não precisa de financiamento para campanha, porque quem prestou algum serviço tem o reconhecimento da população.

"O partido é que deve financiar a campanha, que não precisa muito. Quem inventou que campanha cara? É cara para quem nunca apareceu em nada e de repente quer virar político. Tem muitos políticos que o mandato é o primeiro emprego",
frisou Robert Rios, completando que não acredita na reforma política. O deputado João de Deus foi mais comedido e disse que o Congresso é obrigado a fazer uma reforma, mesmo que não seja a ideal, mas tem que fazer o possível para mudar a estrutura do atual sistema político.

"Não é a primeira vez que se discute isso. Essa reforma vem sendo enrolada há vários anos. Não se pode continuar com este modelo, que desmoraliza os partidos e os políticos",
assinalou. Ele se posicionou contra o financiamento privado de campanha, concordando com o financiamento feito por pessoa física. "Da forma como está hoje, faz uma campanha custar muito caro e o sistema levou a isso. A diferença é feita pelo poder econômico. Esse sistema permite que um desconhecido que tenha dinheiro possa adquirir um mandato.", finalizou o petista.