Vacinação infantil: Bolsonaro diz que não há morte de crianças "que justifique algo emergencial"
25/12/2021 09h47Fonte G1
Imagem: DivulgaçãoPresidente Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (24) em Brasília que, neste momento, não há uma quantidade de mortes de crianças que justifique a adoção de uma ação emergencial de vacinação infantil contra a Covid.
Os números de mortes por Covid contrariam a declaração do presidente. Desde o início da pandemia, a doença causou 2,5 mil mortes de pessoas de 0 a 19 anos, das quais 301 crianças de 5 a 11 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria. Além disso, o coronavírus pode causar em crianças, a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), que já teve mais de 1,4 mil casos e 85 mortes notificadas no país.
Para Bolsonaro, há "desconfiança" e uma "interrogação enorme" em relação a supostos efeitos colaterais da aplicação de vacinas contra a Covid em crianças.
"Eu tenho uma filha de 11 anos. É uma vacina nova. Não está havendo morte de crianças que justifique algo emergencial. Tem outros interesses. Entra a desconfiança nisso tudo. Essa desconfiança, essa interrogação enorme que existe aí. Efeitos colaterais existem ou não existem? Quais são? Miocardite, entre outros", declarou.
O presidente deu a declaração durante uma entrevista no Palácio da Alvorada, após encontro com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, durante o qual assinou o acordo de inclusão do estado no Regime de Recuperação Fiscal.
Bolsonaro repetiu o teor de declaração do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (vídeo acima). Nesta quinta-feira (23), Queiroga afirmou que as mortes de crianças "estão dentro de um patamar que não implica decisões emergenciais".
Ele defendeu a decisão do ministro de abrir uma consulta pública (vídeo abaixo) a respeito da vacinação infantil. As perguntas da consulta, que teve início nesta quinta, reforçam a posição do governo contra a vacinação de crianças.
Para Bolsonaro, a decisão sobre vacinar os filhos cabe exclusivamente aos pais. "Eu não posso impor nada para o seu filho menor de idade. Você é o responsável por aquele garoto. Se vai fazer bem ou não, os pais decidem", disse.
O ministro Marcelo Queiroga, afirmou que o ministério recomendará que crianças de 5 a 11 anos sejam vacinadas somente se houver prescrição médica e assinatura de termo de consentimento pelos pais.
Mas o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Eduardo de Oliveira Lula, divulgou carta nesta sexta na qual disse que os estados não exigirão pedido médico para a vacinação de crianças.