Adolescente deixa de ir à s aulas após vencer prova de gincana escolar e ser vÃtima de racismo
18/09/2023 10h19Fonte G1 PI
Uma adolescente de 16 anos, estudante de um colégio particular do Centro de Teresina, deixou de frequentar as aulas depois de ser vítima de uma série de comentários racistas feitos por seus colegas de escola. O pai disse que a situação afetou todos ao redor da menina.No dia 9 de setembro, um sábado, a menina participou de uma gincana na escola. A sua tarefa era personificar uma representação da paz. A equipe escolheu que ela usasse uma fantasia de Dandara, guerreira negra que lutou pela proteção do Quilombro dos Palmares.
Depois do desfile, os jurados deram a vitória para a adolescente. Por isso, os estudantes da equipe adversária fizeram diversos comentários racistas contra a menina em um grupo de mensagens. No dia seguinte as mensagens chegaram até a adolescente.
O g1 teve acesso a duas das mensagens de conteúdo racista enviadas pelos adolescentes:
"Se escolhesse da nossa, porque é cor branca e tal, rum... A escola ia ser chamada de racista, pô. É por isso! Isso aí foi roubo, ta ligado?".
"Eles roubaram, eles falaram que aquela menina lá, a menina da paz, ganhou da nossa. A nossa era um anjo e aquela dali era o lixo".
No dia seguinte, domingo (10), uma colega da adolescente avisou para que ela não fosse para a escola na segunda-feira (11), porque alguns estudantes teriam planejado zombar dela. Na terça-feira (12), a menina chegou a ir para a escola, mas ligou para a família pedindo para ir embora antes do final do horário de aula.
Desde então, ela não foi mais, deixou de sair de casa e até de frequentar a igreja. Segundo o pai, Claudinilson Martins, a situação afetou a menina e toda a família.
"Ela ficou triste. Até um pouco deprimida, calada. Porque ela é uma pessoa alegre, tem muitas amizades. As amigas dela também ficaram muito tristes com o que aconteceu, e eu também, fiquei revoltado", disse.
Imagem: TV ClubeClaudinilson Martins, pai da adolescente - Adolescente é vítima de comentários racistas por colegas de escola após vencer prova de gincana.
O advogado da família da menina contou que o caso foi noticiado ao Ministério Público e as provas estão sendo reunidas para ser feita uma denúncia para a Polícia Civil.
"A Polícia Civil deve identificar os autores desse fato. A informação preliminar é de que são adolescentes. Se forem, devem responder segundo o Estatuto da Criança e Adolescente", explicou o advogado Chrystopher Luan.
Em nota, a escola informou que identificou um aluno como autor dos áudios, convocou seus pais para tratar do assunto e ele recebeu uma punição de acordo com o regimento interno - o que não foi detalhado. A equipe adversária, de onde teriam partido os comentários racistas, também divulgou uma nota repudiando o caso.
Leia abaixo a nota da escola e da equipe adversária à da adolescente:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Desde que tomou conhecimento do ocorrido, a Escola imediatamente buscou identificar os envolvidos. Após a confirmação da identidade de um aluno como autor dos áudios, seus responsáveis foram chamados e o aluno foi penalizado conforme dispõe o regimento interno desta instituição.
Reafirmamos nossa solidariedade à aluna e nosso apoio integral à família, com quem temos mantido contato direto. Lembramos que a luta contra o racismo é diária e cabe a todos nós atuar para que episódios como esse não se repitam.
Atenciosamente,
A Direção
Nota de repúdio da equipe adversária
NOTA DE REPÚDIO
Devido aos incidentes criminosos envolvendo a aluna vencedora da prova "Garota Cidadão Cidadã" e a equipe Mirana, a organização da equipe vem por meio esta, falar que repudiamos qualquer tipo de ato ou fala racista e ofensas, não importando a circunstância.
Nada justifica o que aconteceu durante essa semana. A comissão pede perdão a aluna em nome de toda equipe e esperamos que a justiça seja feita.
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