Caso Débora: defesa de PM diz que inquérito precisa de mais exames para comprovar autoria do crime
14/12/2022 09h49Fonte ClubeNews
Imagem: Andrê NascimentoProtesto pede Justiça.
A defesa do policial militar apontado como o autor do disparo que matou a menina Débora Vitória, de 6 anos, ao reagir uma tentativa de assalto afirmou que não questiona o trabalho da Polícia Civil do Piauí, mas que são necessários mais exames para afirmar a autoria do crime.
Na terça-feira (13), o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu o inquérito e indiciou o policial militar envolvido no caso por homicídio doloso. A delegada Nathália Figueiredo informou que o projétil encontrado no corpo da criança era um “núcleo de chumbo que, microscopicamente, não daria para se fazer a comparação balística”.
“No entanto, no local do crime, a perícia coletou um encamisamento e ele estava numa poça de sangue e por exame de DNA foi confirmado que esse sangue era da Débora. Através do exame foi confirmado que o encamisamento tinha compatibilidade com os projéteis da arma do policial. E por análise microscópica, chegou-se à conclusão que o núcleo de chumbo encontrado no braço da vítima pertencia a esse encamisamento”, explicou.
Otoniel Bisneto, advogado do policial militar, reforça que – tecnicamente – compatibilidade não significa certeza. Por isso, é fundamental mais exames complementares para afirmar a balística.
“Nós não vamos questionar de forma nenhuma absolutamente a competência o trabalho, a diligência, a forma dedicada de como a delegada Natalia conduziu as investigações. À ela, o nosso respeito. Entretanto, na condição de advogado de defesa do tenente, creio que ainda são necessários alguns exames complementares para afirmar categoricamente que o projétil foi expelido pela arma de fogo do tenente porque o laudo diz que apenas que há uma compatibilidade. Tecnicamente, compatibilidade não significa certeza”, disse o advogado.
A Polícia Civil do Piauí aguardava o resultado da balística da arma usada no crime, que aconteceu no dia 11 de novembro. Dois Homens são suspeitos de serem os autores do homicídio, o assaltante que tentava roubar a mãe da criança e um policial militar que teria presenciado o assalto e reagido, no bairro Ilhotas, zona Sul de Teresina, em via pública.
INQUÉRITO POLICIAL
Segundo a delegada Nathália Figueiredo, responsável pelo caso, após uma extensa análise do projétil que atingiu a criança, confirmou-se que a bala saiu da arma do policial. Com a conclusão da análise pericial do projétil e após os depoimentos colhidos, a delegada afirmou que a situação teve dolo eventual por parte do policial.
“O projétil encontrado no corpo da criança transfixou o braço esquerdo, passou pela região do tórax e ficou alojado no braço direito. Só que o que ficou alojado era um núcleo de chumbo que, microscopicamente, não daria para se fazer a comparação balística”.
“No entanto, no local do crime, a perícia coletou um encamisamento e ele estava numa poça de sangue e por exame de DNA foi confirmado que esse sangue era da Débora. Através do exame foi confirmado que o encamisamento tinha compatibilidade com os projéteis da arma do policial. E por análise microscópica, chegou-se à conclusão que o núcleo de chumbo encontrado no braço da vítima pertencia a esse encamisamento”, explicou.
A delegada comentou ainda que o inquérito foi encaminhado à Justiça e ao Ministério Público, que pode concordar com a tese da Polícia Civil – e indiciar o policial por homicídio doloso – ou não.
MÃE PEDE POR JUSTIÇA
Imagem: ReproduçãoMãe chora e pede Justiça ao relatar morte da filha de 6 anos quando policial reagiu a assalto.
Desde o crime, a mãe da vítima sempre afirmou que o policial era o principal suspeito. Dayane Gomes contava que o tiro que matou Débora saiu da arma de um policial que estava próximo ao assalto e reagiu. No dia, a mãe chegava em casa em uma moto com a menina quando foram abordadas por dois homens armados.
“Eu não reagi ao assalto. O bandido não ia atirar, ele não ia fazer nada com a gente porque eu entreguei o celular. Ele nem a arma tirou da cintura, só mostrou. Eu pedi pra não atirar, que o bandido não ia atirar. Ele atirou e o primeiro tiro foi da arma dele, do policial e, imediatamente, atingiu a minha filha. O primeiro tiro foi dele, veio dele. Foi ele que matou a minha filha. Ele estava bebendo na porta e ele que veio de lá pra querer se amostrar, pra dizer que era policial, que tava armado, foi ele que atirou na minha filha”, relatou na época.
Na segunda-feira (12), Dayane Gomes acompanhada de familiares e amigos protestou em frente ao Fórum Cível e Criminal de Teresina, no bairro Cabral, zona Norte, pedindo por justiça.
“Eu não tenho estrutura nem física ou emocional, eu só consigo estar aqui porque quero justiça. Nada vai trazer minha filha de volta, mas quem fez tem que pagar. Eu vou lutar para ver o verdadeiro culpado na cadeia”, conta a mãe de Débora.
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