Conselhos tutelares já atenderam 1556 violações em dez meses em Teresina
18/11/2020 18h16Fonte Cidade Verde
Imagem: Reprodução
Os Conselhos Tutelares de Teresina registraram de janeiro a outubro, deste ano, 1.556 atendimentos de violação de direitos das crianças e adolescentes. A maior parte foi de negligência com 426 registros e privação de acesso ao serviço público que somou 206 ocorrências. Violência física é o terceiro mais atendido com 140 casos, seguida da psicológica com 94 atendimentos e depois o abuso sexual com 88 atendimentos.
Os números são divulgados nesta quarta-feira(18), data em que é comemorado o Dia do Conselheiro Tutelar.
Somente na zona Leste foram 36 atendimentos de abuso sexual e na zona Sul, 35. Nos dois conselhos, os conselheiros informaram que houve um aumento com a pandemia, em relação ao ano passado. E os principais abusadores são familiares próximos e vizinhos.
Em relação à negligência, principal problema enfrentado pelas crianças e adolescentes dentro da própria casa. O conselheiro Ivan Cabral, do IV Conselho Tutelar (zona Leste), informou que esses casos vão desde a falta de uma vacina no cartão de vacinação, até deixar as crianças com roupas sujas, ou sem comer e/ou beber água por um determinado tempo.
“As crianças e adolescentes sofrem várias violações dos seus direitos e nosso dever é combater isso e zelar para que isso não continue ocorrendo. Ei me orgulho de ter sido eleito, porque na minha infância eu tive muitas violações, morava em casa de papelão, fui engraxate e já fui acorrentando pelo pé na cadeira para não sair. E naquele tempo não tinha o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e hoje eu me orgulho de estar zelando pelos direitos das crianças e dos adolescentes, porque eu vivenciei e sei o que passei”, revelou o conselheiro tutelar.
Conselheiro de primeiro mandato, Ivan disse que nestes dez meses duas situações chamaram muito sua atenção: a gravidez de uma adolescente de 12 anos e o resgate de duas crianças às 3 horas da manhã de uma casa em que a mãe estava drogada.
“Esses dois casos me marcaram. A adolescente dizendo que não queria ser mãe, que só queria estudar e brincar. Já o risco emergencial de duas crianças que foram resgatadas porque estavam sozinhas em casa, enquanto a mãe estava drogada me doeu muito”, relembra Cabral.
Na zona Leste, a maioria das denúncias são feitas por demanda espontânea, pelas escolas e unidades de saúde. Mas há também reclamações pelo Disque 100 e o Disque Cidadania.
Os atendimentos realizados pelos Conselhos Tutelares são encaminhados para Centros de referência de Assistência Social, delegacia de polícia, Ministério Público e poder judiciário.
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