Homem é atingido com bala de borracha no olho durante reintegração de posse na Zona Norte de Teresin
11/08/2021 14h26Fonte G1 PI
Imagem: Francisco LimaReintegração de posse na Zona Norte de Teresina
Houve confronto entre ocupantes e forças de segurança durante tentativa de reintegração de posse, nesta quarta-feira (11), no Residencial Parque Brasil, localizado na Zona Norte de Teresina. Um homem foi atingido no olho com bala de borracha durante o conflito.
O residencial foi construído com investimento da Caixa Econômica Federal, através do Minha Casa, Minha Vida, com contrapartida da Prefeitura de Teresina. Os imóveis ainda devem ser entregues aos proprietários selecionados pelo programa. Pelo menos 248 famílias estão ocupando as unidades.
"Eu estava sentado, o choque chegou, me mirou, deu a bomba de gás aqui, tá todo sangrando, meu olho está cortado", relatou o autônomo José Morais.
Imagem: ReproduçãoHomem é atingido com bala de borracha no olho durante reintegração de posse na Zona Norte de Teresin
Na manhã desta quarta, equipes da Polícia Militar (PM), como o choque, cavalaria e Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), Corpo de Bombeiros, além de policiais civis e federais foram ao local para negociar a saída dos ocupantes.
A polícia afirma que ocupantes agrediram policiais. Um vídeo (assista no início da reportagem) mostra rojões sendo disparados contra a tropa de choque.
As famílias afirmam que a polícia agiu com truculência, chegando a jogar spray de pimenta no rosto de alguns dos ocupantes. Por volta das 8h, os ânimos estavam mais calmos, com as forças de segurança e ocupantes tentando chegar a um acordo.
A ocupação teve início na sexta-feira (6) e na noite de segunda (10) três guardas municipais ficaram feridos ao tentarem fazer com que os ocupantes deixassem o local.
De acordo com a Guarda Civil Municipal (GCM), um dos guardas sofreu uma fratura na mão e vai passar por cirurgia no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
As famílias alegam que ocuparam o local porque ele estava abandonado havia mais de dois anos. Eles relataram que os imóveis estavam com marcas de vandalismo.
"Fizemos o levantamento de quantas casas estavam desocupadas e percebemos que muitas delas não tinham mais pias, não tinham mais portas, haviam sido saqueadas. As famílias necessitando de uma moradia se organizaram e ocuparam", contou Francisco Alves, coordenador da ocupação.
Maria Carolina Barbosa, uma das ocupantes, está desempregada e afirma que não tem para onde ir. "Tenho duas bebês, não estou trabalhando. Ontem eu comi porque recebi doações. Cozinho em um fogareiro. Essa é a minha realidade", desabafou.
Imagem: ReproduçãoReintegração de posse na Zona Norte de Teresina
Outra ocupante, Faustamira Vera, chorou ao falar da possibilidade de deixar o local. "É muito triste, um horror de coisa abandonada. A gente invadiu porque a gente não tem onde morar. Se a gente tivesse ficava onde está, mas não temos nem para comer, vivemos de doação", contou a mulher.
A coordenadora de habitação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEMDUH), Valdinete Ulisses, afirmou que os imóveis não estavam abandonados, mas sendo reformados para serem entregues.
"São mil e vinte duas unidades. Já haviam sido entregues 660 no ano passado. No começo deste ano entregamos mais 80, semana passada 30. Iríamos entregar mais 120 agora e o restante com 40 dias. A Caixa estava recuperando os imóveis para que as famílias pudessem ocupar", informou a coordenadora.
No início da tarde desta quarta, a prefeitura disponibilizou caminhões para que os ocupantes que aceitaram deixar o local pudessem colocar seus móveis e objetos para serem levados para outro local.
Contudo, os ocupantes não foram informados do local para onde seriam levados. Alguns deles se recusam a sair do local até que saibam o local.
A prefeitura cadastrou alguns dos ocupantes para que eles possam ser incluídos na distribuição de futuras unidades de conjuntos habitacionais.
Esta prevista para sexta-feira (13) uma audiência com o prefeito de Teresina, Dr. Pessoa (MDB), para que ele resolva o problema das famílias. Enquanto isso não acontece, alguns dos ocupantes querem continuar no local até a solução. Uma parte das famílias afirma que vai permanecer no residencial.