Morre jornalista Carlos Augusto
28/08/2010 08h49Fonte 18graus
Morreu na madrugada deste sábado (28/08), por volta das 4h30 da manhã, o jornalista Carlos Augusto de Araújo Lima. Ele estava internado na UTI - Unidade de Terapia Intensiva do Hospital do ProntoMed, Centro de Teresina, desde o início desta semana.
Em coma, o quadro de Augusto era grave. Ele já havia sofrido três paradas cardíacas depois do infarto agudo no miocárdio e neste sábado teve problemas respiratórios e veio a falecer. O velório acontece na Assembleia Legislativa, às 9h deste sábado.
O jornalista era considerado polêmico por suas opiniões firmes principalmente contra a corrupção no serviço público. Ele trabalhava atualmente na TV Meio Norte e nas rádios Teresina FM, Pioneira, Difusora e outras emissoras em todo o estado. Carlos Augusto era um dos jornalistas mais críticos do Governo do Estado.
COMBATIVO
O combativo jornalista Carlos Augusto de Araújo Lima foi vitimado por insuficiência respiratória, segundo a equipe médica que o atendia junto ao Prontomed, onde estava internado desde a segunda-feira (23). O corpo de Carlos Augusto merece ser velado na Assembleia Legislativa.
O jornalista era natural de Campo Maior e começou a trabalhar na imprensa ainda muito jovem, no começo dos anos sessenta. Ele trabalhou nas emissoras Rádio Clube, Difusora, Pioneira e mais recentemente também prestava serviços, na condição de comentarista, para a Rádio Teresina FM. Também foi diretor de jornalismo na TV Clube e Cidade Verde (ao tempo em que ainda era TV Pioneira), bem como comentarista político da Meio Norte.
POLÍTICO
Carlos foi vereador de Teresina e deputado estadual. Obteve, em 1972, a maior votação proporcional da história da capital – até hoje sua votação nunca foi superada, nem mesmo por Firmino Filho, que em 2008 chegou a quase 20 mil votos.
Ele também foi deputado estadual em cinco legislaturas. Na mais recente delas, exerceu mandato na condição de suplente convocado. Foi líder do primeiro governo Mão Santa (1995-1998). No pleito seguinte decidiu não concorrer, dedicando-se exclusivamente ao jornalismo.
QUASE FOI CANDIDATO
Pretendia disputar o mandato de deputado federal nas eleições deste ano mas a saúde fragilizada não permitiu. Em 1994 ele foi submetido a um transplante de rim na cidade de São Paulo. Desde então mantinha rigoroso tratamento médico, não descuidando em momento algum da medicação e dos detalhes necessários para uma vida com qualidade.
Carlos Augusto era um apaixonado por sua profissão a que procurava emprestar o máximo de fidelidade possível. Em 2007, durante a visita do Papa Bento XVI ao Brasil, ele estava num leito de hospital, em São Paulo, mesmo assim passou flashes ao vivo para a Teresina FM.
ADORAVA O SEU TRABALHO
Gostava de citar fatos históricos em seus comentários. Um deles era de que em doze eleições no Piauí a oposição teria ganho oito, o que no seu entendimento denota um sentimento profundo de aversão, do eleitorado piauiense, ao abuso geralmente praticado por quem está no poder.
Também combatia com frequência, em seus comentários, a compra de votos nas eleições. Em sua última participação na imprensa ele criticou a situação falimentar em que se encontraria a Agespisa. Foi no dia 26 de julho. Tomou como base matéria da revista Exame. Por causa disso estava sendo acionado judicialmente por um deputado estadual.
QUERIA COMBATER OS ABUSOS
Ele estava empenhado em combater os abusos praticados nestas eleições. No dia 1º de julho, em entrevista à TV Antena 10, o jornalista criticou o Ministério Público Eleitoral dizendo que estava havendo preocupação muito grande com suposto abuso em propaganda política e tamanho de cavaletes, enquanto o abuso econômico estava correndo solto no Piauí.
Ele falou que espaço em emissoras de televisão estava sendo ocupado por quem detém poder econômico. Lembrou que o presidente da República foi multado pelo TSE por campanha ilegal. Disse que se trata de “café pequeno” a multa de R$ 5 mil pela ilegalidade. “Isso é uma piada diante do tamanho da ilegalidade que está sendo praticada.”
'TEM GENTE COMPRANDO VOTO'
“Há muitas conversas a respeito de dinheiro para as eleições. Me parece que o Ministério Público Eleitoral está mais preocupado com coisas menores. Fiscalizar cavalete é coisa menor. Agora, ex-governador usar avião oficial em campanha não está sendo fiscalizado de modo algum”, disse ele na época, ao lado do jornalista Allisson Paixão, editor do portal 180graus.
Em 17 de março deste ano ele se envolveu numa acirrada discussão com a jornalista Maia Veloso, ao vivo na TV Meio Norte, que resultou em seu afastamento da emissora. Os jornalistas discutiram feio durante o programa 70 Minutos. Os dois discutiram ao vivo enquanto Carlos Augusto fazia comentário informando que o então governador Wellington Dias havia almoçado, em Brasília, na churrascaria "O Porcão", com o empresário João Claudino Fernandes e o senador JVC (PTB). Teriam participado do almoço, ainda, os deputados Osmar Júnior e João Mádison.
POLÊMICAS MAIS RECENTES NA MN
Maia interrompeu e desmentiu o comentarista no ar. Ela disse que o governador não almoçou com João Claudino e João Vicente porque ela esteve no Distrito Federal acompanhando a rotina do chefe do executivo para uma reportagem especial. Os dois sustentaram a discussão por vários minutos gerando uma situação constrangedora para ambos.
Em 14 de julho ele fez comentário na Rádio Teresina FM e disse estranhar que membros do Partido dos Trabalhadores tenham enriquecido tanto em apenas sete anos ao ponto de constituir algumas das maiores fortunas do estado na atualidade. Afirmou que os petistas enriqueceram sem que tenham ganho na loteria nem mesmo explorado algum ramo econômico de grande rentabilidade, como minas de ouro e diamantes, tampouco tendo herdado riqueza de parentes ricos que provavelmente tenham falecido. De modo algum, acrescentou o jornalista, por isso ele defende que o Ministério Público Eleitoral deve investigar o enriquecimento de petistas que ele considera ilícito.
COLEGAS LAMENTAM A PERDA
O jornalista Pires de Saboia, amigo de Carlos Augusto há pelo menos quatro décadas, disse que é lamentável o seu desaparecimento. Ele era um homem movido pela paixão ao jornalismo e à política e viveu ambos intensamente, nunca se esquivando de se posicionar em questões polêmicas. Para Feitosa Costa, também amigo do falecido, Carlos era figura admirável pela sua determinação em continuar vivo e atuante apesar de sua saúde delicada.
Toni Rodrigues, coordenador editorial da Rádio Teresina FM e titular do blog Banda Larga (180graus) disse que Carlos foi para ele um grande inspirador. “Ainda menino, em tratamento em Teresina, eu me deslocava para a Rádio Difusora, onde ele apresentava programa jornalístico, para ficar assistindo, ao vivo, aos seus comentários. Mais tarde, já como jornalista, tive a oportunidade de acompanhar sua atuação como secretário de Comunicação e também como deputado estadual. Um tribuno nato. A palavra era fácil para ele. Fui também seu eleitor, em 1994, quando ele disputou pela última vez um mandato de deputado estadual. Era polêmico, dizia o que tinha de ser dito, e por isso mesmo era admirado pela população piauiense.”
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