MP recomenda que antigo Sanatório Meduna não seja demolido; ex-pacientes pedem destruição

03/02/2021 13h40

Fonte G1 PI

O Ministério Público do Piauí expediu, na terça-feira (2), uma recomendação para que a estrutura restante do antigo Sanatório Meduna, uma capela e o prédio onde funcionava o hospital psiquiátrico, não seja demolida. Nesta quarta, a representante de um grupo de ex-pacientes disse ao G1 que é a favor da destruição do local.

O debate surgiu depois da posse do local, que havia sido cedida para a prefeitura de Teresina, em 2016, ter retornado para empresa proprietária, a Sá Cavalcante, no dia 23 de dezembro de 2020. Em nota, a companhia informou que tem como projeto para o local a reimplantação de um escritório interno.

"Somos a favor da demolição total. Qualquer coisa que funcionar ali será um memorial da dor, do sofrimento. O dinheiro que seria usado lá poderia ser investido na assistência psicológica e psiquiátrica", afirmou Edileuza Lima, ex-paciente do Meduna.

De acordo com a recomendação do MP, mesmo em estado precário de conservação, a estrutura do antigo sanatório ainda mantém sua arquitetura, com traços dos estilos neoclássico e neocolonial, predominantes em edificações dos anos 1950 em Teresina.

Ex-pacientes pedem destruição

Para Edileuza Lima, que hoje é assistente social e trabalha com pessoas que sofrem de transtornos psicológicos, mais importante do que preservar a memória arquitetônica é esquecer o tratamento doloroso que muitos ex-pacientes ainda lembram.

"Quem quer isso em pé não sabe o que muita gente passou. Demolir as ruínas do Meduna é um ato simbólico de que a loucura pode ser tratada sem exclusão, na família e comunidade", declarou.

Manifestação

Um grupo de manifestantes fez um protesto a favor da preservação do local na manhã desta quarta. Eles desejam que o local seja transformado em um espaço cultural, conservando a estrutura arquitetônica e promovendo arte e cultura.

Capela é reformada e ganha novo nome

A igreja do antigo Meduna começou a ser reformada pela Arquidiocese de Teresina e receberá o nome de Capela Universitária São Paulo VI. A arquiteta Maria Beatriz Chaves, responsável pelo projeto, disse que vai preservar ao máximo as características originais do local, como os ladrilhos que cobrem o piso.