PM alega tiro acidental durante discussão que matou a namorada; polícia discorda

01/11/2017 09h42


Fonte G1 PI

O delegado Emerson Almeida, da Delegacia de Homicídios, disse nesta quarta-feira (1º) que o capitão da Polícia Militar suspeito de matar a namorada - a estudante de Direito Camilla Abreu, de 21 anos - declarou em depoimento que a jovem morreu por conta de um tiro acidental. A polícia deu detalhes do crime e disse que tem provas que contrariam o depoimento do suspeito.

De acordo com o delegado, o namorado costumava levar e buscar a vítima na faculdade e na quarta-feira (25) seguiu a rotina. Após buscar Camilla, eles foram beber em um bar na Zona Leste de Teresina. Às 2h da madrugada de quinta-feira (26), o casal saiu do bar e levou uma amiga de Camilla para casa no bairro Vale do Gavião.

"O que temos apurado, segundo a amiga de Camilla, é que as discussões entre eles eram constantes e ela relatou que ele tinha muitos ciúmes. Na noite do crime, quando a vítima ia ao banheiro ele a acompanhava e esperava na porta",
contou o delegado.

Suspeito alega tiro acidental

Segundo o delegado, o oficial da PM contou em seu depoimento que teria dito a Camilla que a levaria para casa, mas ela teria dito que não desejava voltar e queria ficar mais à vontade. Então, o casal teria seguido para um local isolado e, durante momento íntimo uma discussão teria causado um disparo acidental que ocasionou na morte da jovem.

"Ele disse que estavam em um local deserto, houve uma discussão, ela teria pego a arma dele e ele teria se defendido com um golpe. Como ela estaria com o dedo no gatilho, segundo o que ele afirmou, a arma disparou e teria levado a óbito",
explicou.

A princípio, a Polícia não trabalha com uma tese de estupro. Contudo, o delegado Emerson afirma que não é descartável a possibilidade.

Ocultação de cadáver e cena do crime adulterada

Com a namorada morta, o namorado teria ido a sua própria residência e, não sabendo o que fazer, dirigiu até uma estrada vicinal na localidade Mucuim e deixou o corpo na mata. O corpo foi encontrado aproximadamente a 15 km do local dos disparos, conforme o delegado revelou.

"A Polícia Civil não acredita na tese de acidente, que é o que apresenta a defesa. A Polícia Civil acredita que houve um homicídio. Pelas cirscunstâncias posteriores à morte, houve a ocultação do cadáver e ele tentou lavar o veículo na beira do rio para tentar encobrir todos os indícios que o ligavam ao crime",
destacou.

Sem sucesso satisfatório na lavagem da beira do rio, o oficial teria se dirigido a um lavajato onde algumas partes do carro foram desmontadas e, para justificar a presença de tanto sangue no veículo, o homem teria contado que teria se envolvido em um acidente onde atropelou duas pessoas e havia prestado socorro.

"A hipótese desse acidente foi rechaçada em razão do seu veículo não constar nenhuma avaria. Isso verificamos através do relato de uma testemunha. Na segunda lavagem, ele trocou os bancos do veículo e a investigação vai provar porquê",
contou. Além de tentar descaracterizar a cena do crime, o suspeito teria tentado se desfazer do veículo em Campo Maior, a 81 km de Teresina.

A prisão

Segundo o delegado, ao saber da decretação da prisão, a defesa do suspeito resolveu apresentá-lo com a tese de que houve um acidente. Entretanto, a Polícia discorda dessa teoria.

"Ele está preso temporariamente por 30 dias e nesse prazo, ou antes, concluiremos todas as investigações. Em razão de ser capitão da Polícia Militar, ele ficará preso no quartel",
finalizou.

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Tópicos: crime, delegado, suspeito