Prefeitura de Teresina recua e decide não pagar tickets para motoristas e cobradores de ônibus
26/01/2021 15h15Fonte Cidadeverde.com
Imagem: DivulgaçãoPrefeitura de Teresina recua e decide não pagar tickets para motoristas e cobradores de ônibus
O secretário de finanças e vice-prefeito Robert Rios, disse em um vídeo (acima) divulgado pela Prefeitura de Teresina, que pediu o estorno do dinheiro que a administração teria disponibilizado para o pagamento de parte dos benefícios dos trabalhadores do transporte urbano da capital.
No vídeo, o secretário afirma que o dinheiro seria “para resolver a situação da greve”, e que decidiu pelo estorno do dinheiro porque a paralisação continuou, sem dar detalhes sobre os motivos. O dinheiro, R$ 600 mil, seria destinado para o pagamento de ticket-alimentação dos trabalhadores do setor.
O Sindicato das Empresas do Transporte Urbano de Teresina (Setut) disse em nota que recebeu o pedido da Prefeitura de Teresina para não repassar o dinheiro para os trabalhadores.
O Setut informou que a Prefeitura pediu que o dinheiro dos tickets não fosse repassado aos trabalhadores por causa da suposta quebra de acordo entre o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário (Sintetro) e a prefeitura feito em outubro de 2020, que proibia o sindicato de fazer uma nova greve.
Entretanto, o Sintetro não participou da paralisação da segunda-feira (25), e segundo o próprio secretário de finanças, o sindicato não esteve presente na reunião entre a prefeitura e os trabalhadores. A mobilização começou pelos trabalhadores de uma determinada empresa e incluiu a demanda dos trabalhadores das demais empresas de forma independente.
Em entrevista ao G1, o motorista Antônio Cardoso, um dos representantes do movimento dos trabalhadores, comentou que o acordo feito entre a categoria e a prefeitura na segunda-feira (25) era para que os trabalhadores retornassem ao trabalho após o pagamento.
"Querem jogar a população contra a gente. Só queria que a população entendesse que a gente não está fazendo isso por não querer trabalhar. A gente quer trabalhar, mas com dignidade. Nós somos também da linha de frente", disse.
Cálculo equivocado, dizem trabalhadores
Ainda no vídeo, o secretário faz um cálculo sobre a quantidade de trabalhadores da categoria e sobre o dinheiro depositado pela prefeitura, R$ 600 mil, que segundo ele seria dividido em R$ 2 mil para cada trabalhador.
“Temos algo em torno de 150 ônibus. Dr. Pessoa transferiu 600 mil reais. Ficaria 4 mil reais por ônibus. Imagine que cada ônibus tenha um cobrador e um motorista. Seria R$ 2 mil para cada um em ticket refeição. É uma quantia altíssima”, disse o secretário.
Entretanto, segundo os trabalhadores do setor, o cálculo do secretário está equivocado. Segundo eles, antes da pandemia, cerca de 430 ônibus circulam pelas ruas de Teresina. Em cada um deles trabalham duas equipes, composta por motorista e cobrador, em dois turnos. Além deles, o setor conta ainda com outros trabalhadores nas garagens e setores administrativos.
Porém, o Sintetro informou ao G1 que, segundo informações do Setut, circulam atualmente 240 ônibus em Teresina.
Segundo os cálculos dos representantes do movimento de paralisação, o repasse da prefeitura renderia R$ 200 para cada trabalhador, valor 10 vezes menor do que o calculado pelo secretário de finanças.
Leia abaixo a nota do Setut, na íntegra:
O SETUT informa que o repasse foi realizado pela prefeitura de Teresina. Contudo o executivo municipal pediu para que o mesmo ainda não seja disponibilizado aos motoristas, tendo em vista que a quebra de acordo entre Sintetro e a prefeitura feito em outubro de 2020 previa seu cancelamento em caso de descumprimento e manutenção do movimento de paralisação ou greve da categoria.