Só parou de bater quando desmaiei', diz estudante agredida por colega

29/03/2014 08h13


Fonte G1 PI

Imagem: Gil Oliveira/G1Apos briga, estudante agredida passa o dia em uma cama, em Teresina.(Imagem:Gil Oliveira/G1)Apos briga, estudante agredida passa o dia em uma cama, em Teresina.

Deitada em uma cama desde a terça-feira (25), quando teve uma vértebra da coluna lesionada após ser agredida por uma colega de turma, Bárbara Pereira da Cunha, de 15 anos, contou o porque da agressão.

“Ela pediu que eu afastasse a cadeira, eu neguei porque estava copiando o que o professor havia passado, e ela não. Depois que me recusei, começaram as provocações, ela me ameaçou e disse que eu veria com quem estava lidando lá fora da escola”,
disse.

O resto da história é conhecida, Bárbara foi agredida, teve uma lesão na coluna, está há três dias sem andar e pode passar por uma cirurgia para reparar o dano.

“Após as ameaças, eu falei para o professor o que tinha acontecido e ele disse que iria resolver, mas foi embora sem fazer nada. Quando saí, logo na esquina ela me derrubou e começaram as agressões. Ela só parou quando desmaiei”, disse a estudante, deitada em sua cama e usando um colar cervical, objeto que ajuda a deixar a coluna imóvel.

Imagem: Gil Oliveira/G1Clique para ampliarMãe mostra exame que constatou lesão na coluna da estudante, em Teresina.(Imagem:Gil Oliveira/G1)Mãe mostra exame que constatou lesão na coluna da estudante, em Teresina.

Mas até chegar ao seu quarto, a garota de 15 anos enfrentou dois hospitais e dois dias de internação.

”Primeiro ela foi levada ao hospital do Promorar e em seguida para o HUT (Hospital de Urgência de Teresina). Lá ela fez exames e foi descoberto que tinha uma lesão na coluna e que poderia ser um caso cirúrgico. O médico do HUT encaminhou ela para outro doutor, um especialista, que vai acompanhar o caso dela e ver se é necessária ou não fazer uma cirurgia. Tenho muito medo dela fica nessa situação, ou ficar paraplégica”, diz Oelma Pereira Cunha, mãe de Bárbara.

Além de preocupação com a filha, Oelma afirma que parte da culpa pelo corrido é da escola Martins Napoleão, no bairro Promorar. Na visão dela, a briga poderia ter sido evitada.

“Nunca comunicam aos pais se há alguma desavença ou picuinha entre nossos filhos e as colegas. Isto poderia ser evitado, minha filha avisou ao professor e nada foi feito. Ela é uma boa aluna, nunca tivemos uma reclamação dela, e vem outra aluna, que já sabemos ter um histórico de violência e faz isso. Ela poderia ter matado a minha filha”, disse.

Interação escola família


Bábara entra para estatística da violência nas escolas. Segundo o Pelotão Escolar, da Polícia Militar do Piauí, em 2013 foram registrados 177 ocorrências nas escolas de Teresina. Os mais comuns são de agressão, desavenças, confusões, desentendimentos. Os entreveros ocorrem entre alunos, ou entre estudantes e professores e ainda com a direção da escola.

Para a psicopedagoga Ana Liene Carvalho, está faltando a parceria escola família.

“As vezes as crianças que apresentam estes problemas (violência), podem ter distúrbios, mas também acontecem casos de haver desarmonia familiares. É preciso o acompanhamento dos pais dessas crianças. Isso deve ocorrer desde o nascimento, já que a criança copia o que vê e precisa ter bons exemplos, seja em casa e na escola. A criança precisa ter limites, ser ouvida e amada. Por isso é importante essa parceria. Além disso, a escola é para ser um lugar seguro para todos”,
disse.

Imagem: Gil Oliveira/G1Clique para ampliarKassyus Lages, secretário de comunicação do Sinte, em Teresina.(Imagem:Gil Oliveira/G1)Kassyus Lages, secretário de comunicação do Sinte, em Teresina.

Kassyus Lages, secretário de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica Pública do Piauí (Sinte), afirma que os casos de violência tem diminuído, mas que a existência dessas ocorrências desestimula o trabalho dos professores.

“Falta educação dentro da escola, ao redor dela e nas casas. O professor não tem condições de trabalho e ainda passa por estas situações. Ele não tem estímulo para trabalhar ou atrativos, por isso é cada vez menor o número de professores na escola pública”, opina.

Veja mais notícias sobre Teresina, clique em florianonews.com/teresina

Tópicos: violência, coluna, escola